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quinta-feira, setembro 11, 2025

11 PAULO RONALTH - A Constituição Observa

 A Constituição Observa


I

Acordei com o país na garganta

e um ministro na televisão

a toga tremia no verbo

mas não tremia na mão


II

Fux jogava futevôlei em silêncio

enquanto a Constituição, sentada,

olhava o campo da vergonha

com a alma desamparada


III

O voto não era voto

era fuga em latim

um biombo de palavras

pra esconder o que há de ruim


IV

Não julgou o golpe, julgou o foro

não viu o crime, viu o atalho

não enfrentou o abismo

preferiu mudar o baralho


V

Craque de Ipanema, juiz de areia

malandro de toga, sorriso de meia

decidiu não decidir

e proibiu que se decidisse


VI

A História, que não dorme

anota em silêncio o escárnio

não há brocado que salve

o que se escreve no armário


VII

Não é defesa de homem

é defesa de causa estrangeira

fala Fux, mas ecoa Trump

fala Fux, mas soa bandeira


VIII

A Constituição, traída

não grita, mas observa

o país, em sua nudez

vê a toga que não conserva


IX

O voto se arrasta em floreios

como serpente em vitrine

mas o veneno não é técnico

é político, é sublime


X

Não há glória no gesto

há deserção com verniz

o ministro que se protege

não protege seu país


XI

Será vencido, será só

mas servirá aos futuros embates

onde a farsa se repete

com novos nomes, novos trastes


XII

E quando a esperteza engolir o esperto

como sempre faz no final

a peruca cairá no chão

junto ao Manual do Cara de Pau


Ronalth 

Setembro2025

segunda-feira, agosto 18, 2025

18 PAULO RONALTH Silêncio por Gaza

 18 08 25

Silêncio por Gaza


Não há sinal.

Não há som.

Não há mundo.

Há ruínas.


Caminho entre escombros como quem procura

um resto de voz,

um fiapo de rede,

um sopro de humanidade.


Não é fuga.

É testemunho.

Porque morrer sem ser ouvido

é morrer duas vezes.


Gaza está muda.

Mas não é silêncio,

é sufocamento.

É o grito que não atravessa o cabo cortado.


As bombas não cessam.

Bombardeiam a fome.

Bombardeiam o gesto.

Bombardeiam o tempo de esperar.


E os que esperam?

morrem.

E os que correm?

morrem.

E os que falam?

são calados.


A internet era o último suspiro.

Não era luxo.

Era prova.

Era sangue digital correndo por fios.


Agora, na escuridão,

massacram sem consequência.

Sem imagem.

Sem eco.


Mas eu,

com um sinal fraco,

como um moribundo que encontra uma chama,

envio esta mensagem.


Não para ser salvo.

Mas para dizer:

estamos vivos.


E se você lê,

lembre-se:

caminhamos pelo fogo para nos manifestar.

Não ficamos em silêncio.

Fomos silenciados.


Às 21h, desligue.

Desligue tudo.

Por trinta minutos,

faça do seu silêncio um grito.


Porque o silêncio também é resistência.

Porque o silêncio também é memória.

Porque o silêncio também é Gaza.


Ronalth

domingo, agosto 17, 2025

17 PAULO RONALTH - A Arte de Envelhecer

 A Arte de Envelhecer

17 08 25


Envelhecer não é para os fracos,

mas tampouco é para os apressados.

É preciso ter tempo,

tempo de sobra para perder os medos,

para esquecer os nomes que não importam,

e lembrar os rostos que ficaram.


O espelho já não mente,

mas também já não fere.

Ele apenas sussurra:

“Veja, você ainda está aqui.”

E isso, meu caro, já é um milagre.


A juventude partiu com seus saltos altos,

com suas urgências e suas vaidades.

Mas deixou, como quem esquece um casaco,

um pouco de esperança no cabide da alma.


Agora, os passos são mais lentos,

mas não tropeçam mais em ilusões.

O adeus já não dói,

é só uma vírgula no poema da vida.


Envelhecer é como escrever com lápis macio:

a letra falha, mas o sentido é mais bonito.

É descobrir que a beleza nunca foi o rosto,

mas o riso que ficou depois da lágrima.


E no fim, quando tudo parece silêncio,

há uma música suave no coração:

a melodia das histórias que ninguém viu,

mas que você viveu,

e isso, sim, é eternidade.



Ronalth

16 PAULO RONALTH - Vergonha nos Bastidores

 16 08 25

Vergonha nos Bastidores 


No campo verde onde o sonho se anuncia,

Ecoa um grito de dor e amargura.

Nosso mestre sofreu traço de covardia,

No cerne do clube, despediu-se na tortura.

“Se eu fosse o Paz”, confesso a agonia,

“Nem teria coragem de enfrentar a loucura”.


E se fosse o Vojvoda em seu banco a reinar,

Nem Marinho, Deyverson ou Diogo Barbosa quis enfrentar.

Sem voz para denunciar o que viu a conspirar,

Escondeu a coragem, não ousou sequer falar.

De volta ao gramado não ousaria pisar,

Tropeçava na dúvida, sem vontade de lutar.


Sob o rumor denso desce a névoa do segredo,

Sussurra-se que houve acordo na calada.

Um trato escondido, oculto ao nosso enredo,

Entre paredes frias foi selada a jornada.

Fica o torcedor sem conhecer o enredo,

Preso à desilusão dessa história calada.


Vergonhosa manobra, ato de ingratidão,

Fizeram com ele o que honra não aceita.

Nosso melhor treinador caiu em contradição,

Roubada a confiança, restou a meta desfeita.

Que a lembrança viva sua fiel atuação,

E faça tremer quem a dignidade não respeita.


Que a justiça retorne em luz e proclamação,

Restituindo ao clube o calor de seu abrigo.

Que o mestre regresse em justa redenção,

E traga de volta o sorriso antigo.

Torcedor valente, ergue o grito e a canção,

Para que o sentimento supere o castigo.


Ronalth

terça-feira, agosto 12, 2025

12 PAULO RONALTH - Quando o Amor Chega

 12 08 25

Quando o Amor Chega

O amor não bate à porta,

ele entra pela janela,

desarruma os móveis da alma

e planta flores onde havia cautela.

Vem com asas suaves,

mas traz espinhos escondidos.

Faz do peito um jardim,

e às vezes, um campo de feridos.

Não pede licença,

não segue roteiro.

O amor é um pássaro sem mapa,

voando entre o céu e o travesseiro.

Ele coroa com luz,

mas também crucifica.

Nos leva ao alto dos sonhos

e à raiz que se explica.

Nos debulha como trigo,

nos peneira com paciência,

nos molda com ternura,

nos leva ao fogo da essência.

E quando pensamos que é só alegria,

ele nos ensina a dor que purifica.

Mas quem ama de verdade

sabe que até a lágrima edifica.

O amor não quer posse,

nem quer ser possuído.

Ele é inteiro, é livre,

é um mistério vivido.

Não digas: “Deus está no meu coração”,

mas sim: “Eu estou no coração de Deus.”

Pois o amor, se digno te achar,

te levará por caminhos seus.

E se desejares algo do amor,

que seja cantar como um riacho,

sentir a dor com alegria,

e dormir com um verso no cacho.

Ronalth

sábado, agosto 09, 2025

09 PAULO RONALTH - Tempo de Vozes Vazias

 09 08 25

Tempo de Vozes Vazias


Estamos no tempo

em que as palavras se vestem de outras,

como máscaras em baile sem música.


Ditadura se chama democracia,

censura vira proteção,

e o progresso?

ah, o progresso,

é só uma coleira mais brilhante.


As identidades,

antes abrigo,

viraram trincheiras.

E o debate?

Campo minado,

onde cada passo é explosão

e cada silêncio, suspeita.


Aqui e alhures,

ninguém pergunta mais:

“Quem fala?”

“Por quem?”

“Com que direito?”


A voz perdeu o rosto.

O rosto, a história.

E a história,

o sentido.


Resta o eco,

vago,

de uma pergunta esquecida

num tempo que já não escuta.


Ronalth 

Agosto 2025

terça-feira, agosto 05, 2025

05 PAULO RONALTH Paradoxo Humano

 Paradoxo Humano


Desejamos o que ainda não temos,  

como quem vê estrelas e quer tocá-las.  

Mas o brilho, quando alcançado,  

se esconde nas sombras das salas.


A ânsia é música que embala os dias,  

um ritmo que sonha sem cessar.  

Depois vem o tédio, feito neblina,  

desfazendo o encanto de realizar.


Somos filhos do sempre além,  

olhos fixos no que há de vir.  

Esquecemos que o instante também  

tem silêncio que pode florir.


O problema não é o caminho,  

nem o que falta nas mãos do agora.  

É crer que a alegria mora no destino,  

e não no passo que se faz sem demora.


A plenitude não tem morada,  

não se veste de ouro ou de fim.  

Ela vive entre o querer e o nada,  

como brisa que dança dentro de mim.


Aprender a caminhar sem ter  

como quem colhe sem possuir,

essa é a arte de entender  

que viver é também sentir.


Ronalth

quinta-feira, julho 31, 2025

31 PAULO RONALTH - Um Punho Cerrado

 31 07 25

Um Punho Cerrado
Ah, pátria amada, ultrajada e vendida!
Sinto em minh'alma a dor de tua lida!
Um punho cerrado, em verde e amarelo tinto,
Clama em silêncio o pranto que sinto!
Nega o chão materno que te viu brotar?
Cospe no berço, ousando profanar
O lar que outrora te acolheu, dormente,
E torce, insano, por seu derrocamento?
Esquece o sangue que corre em tua veia,
A raiz profunda que a história semeia?
Vende a alma mísera por brilho falaz,
Trocando a verdade por um vago talvez?
Ó coração sem pátria, alma perdida!
Na luta infame, a sanha desmedida,
Quem contra a terra natal o punhal levanta,
Já perdeu a essência, a alma que encanta!
Ronalth

terça-feira, julho 29, 2025

29 PAULO RONALTH - A Vida Num Espera

 29 07 25

A Vida Num Espera


A vida num espera, meu fio, num vá se enganar,  

Pisca os óio e o tempo corre sem modo de frear.  

Um dia é só risadinha, é roda na calçada,  

Noutro, é pranto escondido e conta empilhada.


Crescer tem sua beleza, mas o peso é sem igual,  

Vai juntando saudade e lembrança sentimental.  

As palavra que num diz, as memória que arde,  

É tudo mistura braba de saudade com vontade.


Vivê na pressa, sem vê o que tá por perto,  

Querendo mostrá que é grande, mas o coração tá deserto.  

Esquece do café risonho, do abraço apertado,  

Das mão que acolhe firme quando o mundo tá pesado.


Num se perca, meu amigo, querendo tudo alcançar,  

O que vale é o essencial, é o amor no olhar.  

É o afeto, a gratidão, a presença no presente,  

Que faz a vida rimá no verso mais comovente.


Porque no fim das jornada, o que fica é só um bucadim:  

Os momento que fez o peito suspirá bem devagarim.


Ronalth

domingo, julho 27, 2025

27 Paulo Ronalth - Lucidez dá Trabalho

 Lucidez dá Trabalho


ser louco demais

é fácil.

difícil é ser lúcido

num mundo doente em série.


quem procura psiquiatra

não é fraco nem surtado,

é quem entendeu

que viver exige manual atualizado.


tem gente que joga trauma

como quem joga futebol:

“não preciso de ajuda!”

e marca gol contra, sem dó.


não estar “grave”

não é desculpa pra escapar,

é só o começo da trilha

que leva à dor sem lugar.


psiquiatria é farol,

psicoterapia é janela,

pra quem quer cuidar da mente

como quem cuida da aquarela.


melhor tratar o começo

do que remediar o fim,

melhor pensar na saúde

do que virar figurinha de estereotipim.


lúcido é quem assume

que viver mexe com tudo.

e a medicina, ora vejam,

também serve pra prevenir o absurdo.


Ronalth 

Julho2025

sábado, julho 26, 2025

26 PAULO RONALTH Luzes da Ribalta

 Luzes da Ribalta


Ensina-me a morrer, disse o poeta errante,  

Com olhos de riso e alma de criança,  

Ela, flor de abril, com voz amante,  

Respondeu: serás jovem na esperança.


Trinta anos de tempo não separam  

Dois corações que dançam na ternura,  

O amor, quando é real, não se repara,  

É chama que não teme a noite escura.


Oito frutos brotaram desse enlace,  

E a vida se fez doce até o fim,  

Holofotes brilharam em cada face,  


 A luz dela, no crepúsculo sem fim.

Quem ama não se esconde, não se ausenta,  

É sol que nasce mesmo em tarde cinzenta.


Ronalth 

Julho2025


Homenagem a Charles Chaplin e Oona, história de amor possível!

segunda-feira, julho 21, 2025

21 PAULO RONALTH - Deixa

Paulo Ronalth

DEIXA

deixa ir

quem já foi

sem drama

sem dó

sem depois


gente é tipo estação

passa

fica um pouco

e passa mais


não é sobre perder

é sobre caber

no tempo certo

no espaço exato

no coração aberto


segurar o que parte

é arte

que não vale o quadro


memória não é prisão

é jardim

onde o que foi

floresce

sem precisar voltar


então deixa

deixa ir

deixa vir

deixa ser

o que tiver que doer

vai doer

mas vai sumir


e o que fica?

você

inteiro

sem metade

sem talvez

sem ninguém que não quis

ficar


Ronalth

21 PAULO RONALTH - seres Estranhos

21 07 2025

Seres Estranhos

PAULO RONALTH

Eles falam da morte com olhos serenos,  

Como quem conta estrelas em noite sem sono,  

E vão, entre cortes e suspiros pequenos,  

Tecendo a esperança onde o corpo é abandono.  


Com mãos que aprendem a conter o abismo,  

E a calar a dor que não se pode dizer,  

Guardam no peito um silêncio heroísmo  

Enquanto salvam sem tempo de sofrer.  


Voltam pra casa com a alma partida,  

E mesmo assim, são abrigo e ternura,  

Servem o jantar, fingem vida vivida,  

Mas ainda ouvem o eco da sala escura.  


Chamam isso frieza. Mas não! É ardência,  

É resistir ao que consome e desmantela,  

É vestir coragem onde há impotência,  

E amar, sem deixar que a dor se revele bela.  


São estranhos, sim, mas de uma beleza oculta,  

Que enfrenta o fim para oferecer início.  

Com o coração em silêncio, a alma tumulta,  

Mas seguem firmes, num infinito sacrifício.


Ronalth

terça-feira, julho 15, 2025

15 PAULO RONALTH - Poema do Desejo

 15 07 2025

Poema do Desejo

Paulo Ronalth


o desejo é um parafuso solto

rodopiando na cabeça

entre poder, conforto, amor e imortalidade

a mente (essa maquinaria)

busca símbolos

retratos de sensação

troca de roupa no escuro

a cada clique

um novo prazer

mesma chave antiga

enquanto o eu

bate ponto

o vazio toma café

e exige mais

e às vezes

bem de leve

floresce um gesto

fora da pauta

e o nada se basta

a cada manhã

a rotina repetida

alimenta o monstro

do querer

que ruge

no peito

mas há um hiato

entre cada pulsar

onde a mente cochila

e descobre

que o vazio

é preâmbulo de vida

e então

num lampejo

o desejo

não pede nada

– floresce

o verbo existir

– existe.

Ronalth

sexta-feira, julho 04, 2025

04 PAULO RONALTH - VIDA É VELA

 04 07 2025


PAULO RONALTH

Vida é Vela


vida

é mar

vento triste

vento feliz

tudo empurra


pensamento

ilha que boia

no mapa da mente


quem não navega

vira cais


quem não rema

vira âncora


quem não sente

vira pedra


no fim

se o sorriso

for maior que o sal

valeu o temporal


Ronalth

02 PAULO RONALTH - Enquanto Isso

02 10 25   Enquanto Isso Enquanto o povo bebe veneno na água disfarçada de álcool, o governador sorri de barriga cheia na casa do condenado....