21 07 2025
Seres Estranhos
PAULO RONALTH
Eles falam da morte com olhos serenos,
Como quem conta estrelas em noite sem sono,
E vão, entre cortes e suspiros pequenos,
Tecendo a esperança onde o corpo é abandono.
Com mãos que aprendem a conter o abismo,
E a calar a dor que não se pode dizer,
Guardam no peito um silêncio heroísmo
Enquanto salvam sem tempo de sofrer.
Voltam pra casa com a alma partida,
E mesmo assim, são abrigo e ternura,
Servem o jantar, fingem vida vivida,
Mas ainda ouvem o eco da sala escura.
Chamam isso frieza. Mas não! É ardência,
É resistir ao que consome e desmantela,
É vestir coragem onde há impotência,
E amar, sem deixar que a dor se revele bela.
São estranhos, sim, mas de uma beleza oculta,
Que enfrenta o fim para oferecer início.
Com o coração em silêncio, a alma tumulta,
Mas seguem firmes, num infinito sacrifício.
Ronalth