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segunda-feira, abril 07, 2025

O JATOBÁ BOTOU ÁGUA - Dalinha Catunda

 25 04-07


O JATOBÁ BOTOU ÁGUA!
* Dalinha Catunda

Com chuvas nas cabeceiras
O rio já transbordou,
O Jatobá botou água!
A molecada gritou.
E quem mora na cidade
Para ver a novidade
Na chuva até se molhou.
*
Guri pulando da ponte,
E fazendo estripulia.
No rio botando água,
Era só o que se via.
E tronco de bananeira
Que passava na carreira
E na correnteza sumia.
*
O jatobá se zangou
Ficou de toda largura.
Nunca vi cheia maior,
Falava uma criatura,
Vendo a água que corria
Apreciando a magia
Vendo acabar a secura.
*
Aposto que a meninada
Já preparou landuá,
Ou garrafa com farinha
Pois piaba vai ter lá,
Com cachaça, salgadinhas
Bem torradas, bem fritinhas,
É melhor do que cará.
*
As lavadeiras, garanto!
Já começaram cantar,
Cantigas de bater roupa
Para o trabalho animar
É grande a animação
Aqui neste meu sertão
Ao ver a chuva chegar.
*
Debaixo das oiticicas,
Nas pedras do Jatobá,
Com cachaça e tira gosto,
Diversão maior não há.
Mas isso só tem sabor
Pra quem é do interior
Ou quem já viveu por lá.
*
Eu só queria saber,
Responda-me, por favor:
Quem tomou banho de rio,
E morou no interior.
Se não bate uma vontade
De rever sua cidade,
Ou só eu sinto esse amor?

sexta-feira, abril 04, 2025

NOS TRILHOS DA MOCIDADE - Dalinha Catunda

 25 04-04


NOS TRILHOS DA MOCIDADE
*
O velho trem da saudade
Resolveu me visitar
Na bagagem a lembrança
É tanta, chega a pesar
Abro a porta do vagão
E deixo a recordação
Pelos trilhos me guiar.
*
Êta saudade danada
Que bateu, mas foi de mim
Menina moça levada
Batom da cor de carmim
Faceira e desaforada
Pela vida apaixonada
Como eu gostava de mim.
*
Nas tertúlias da cidade
Era a primeira a chegar
Pra “tirar uma fornada”
Com quem soubesse dançar
Dançava bem um brecado
Um bolero apaixonado
E sem “macaco botar.”
*
Short curto, minissaia
Era assim que eu me vestia
Minha mãe era moderna
E para minha alegria
Gostava de costurar
E a gente podia usar
A roupa que bem queria.
*
Passear de bicicleta
Era outra diversão
Cidade do interior
Ipueiras, meu sertão
Banhos de açude e de rio
Quando recordo sorrio
Fui feliz em meu rincão.
*
Passei por cima de tudo
Pra viver em liberdade
Desdenhei até das leis
Da nossa sociedade
Liberta da hipocrisia
E sem precisar de guia
Vivi só minha verdade.
*
Versos de Dalinha Catunda

terça-feira, abril 01, 2025

VIVENDO COMO ÍNDIO - CORDEL - Dalinha Catunda

 25 04-01




VIVENDO COMO ÍNDIO
*
Aqui estou feito índio
Acoitada em uma oca
Só comendo caça e pesca
E entrando na mandioca
No café como beiju
No almoço tem tatu
Já na ceia é tapioca.
*
Na cidade eu fazia
Musculação e ioga
Aqui vivo a natureza
Despida de lei e toga
O que me dá mais prazer
É rio abaixo descer
Trepada numa piroga.
*
Quando meu nativo chega
Alisando o jacumã
Fogosa ligeiro abro
Meu sorriso de cunhã
Eu dou para ele comer
Um caldo que sei fazer
Na base de Carimã.
*
Numa rede de tucum
De noite vou me deitar
E no balanço da rede
Eu vejo Jaci brilhar
E meu amor diz pra mim
Vamos fazer curumim
Antes do mundo acabar?
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

A MENTIRA - Cordel - Dalinha Catunda

 25 04-01


A MENTIRA
*
Quem traz a verdade plena
Registrada em sua vida?
Se o que hoje é verdade
Amanhã será mentira.
*
Quem diz que nunca mentiu,
Digo que é pura mentira!
Até pra fazer o bem
Recorremos à mentira.
*
Mentira não é vilã
Que muita gente apregoa.
Às vezes nos faz feliz,
E nem sempre ela magoa.
*
Verdade é uma mentira
Pois perde sua validade.
A mentira certamente
É a mais pura verdade.
*

segunda-feira, março 31, 2025

MUI MULHER - Dalinha Catunda

 25 03-31



MUI MULHER
*
Não sou de medir palavras
Não sou mulher recatada
O que serve para sua
Não serve pra minha estrada
Pois sou mulher de atitude
E nem sei se isto é virtude
Ou insolência dobrada.
*
Enfrento qualquer encrenca
Seja aqui ou no sertão
Já tive que puxar faca
Numa certa ocasião
Quando puxei a peixeira
Eu vi pegar na carreira
Quem armou tal confusão
*
Onde você já estudou,
Não pude ser educada,
Pois tive que botar cedo
O meu pezinho na estrada,
Mas na escola da vida
Não virei uma perdida
Garanto, sou graduada.
*
E se quiser me enfrentar
Vá só prestando atenção
Não fujo duma peleja
Sou mulher de opinião.
Gosto de diplomacia
Mas numa delegacia
Eu tenho argumentação.
*
Se quiser ganhar no grito
Alto também sei gritar.
Se vier na covardia
A mesma arma vou usar.
Porém se acordo quiser
Palavra desta mulher
Acordo não vai quebrar.
*
Dou um boi pra não entrar,
Pra não sair a boiada
E contra raiva eu aviso
Que já estou vacinada.
E sou sim, flor que se cheira
Mas não caia na besteira
De deixar-me azucrinada.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

quinta-feira, março 20, 2025

POESIA DO SERTÃO - CORDEL - JOSÉ LAURENTINO

 25 03-20



Tem certas coisas seu moço
Que de bom gosto eu não faço
É dá esmola a quem pede
Com santo embaixo do braço.
Pois eu acho que os santos
Não tem muita precisão
Afinal eu nunca vi
Um santo comer feijão.
Mas por arte de pecado
Ou por minha pouca fé
Todo dia lá em casa
Passa um velho andando a pé
Por sinal muito feliz
Chega em minha porta e diz
Esmola pra São José!
E o diabo da mulher
Que é muito da alcoviteira
Nunca vi uma mulher
Que não seja rezadeira
Adquire um tanto ou quanto
Corre vai dá ao santo
Pra o velho fazer a feira.
Muitas vezes logo cedinho
Se eu vou tomar o café
Quando dou fé o grito
Esmola pra São José!
Isto foi me enchendo o saco
Cada dia enchendo mais
Um dia cheguei em casa
Com a braguilha pra trás.
Sentei num sepo de pau
Tomei uma de rapé
E ouvi a voz lá na porta
Esmola pra São José!
E para dar a esmola
A mulher se remexeu
Mas eu lhe gritei não vá
Pois quem vai hoje sou eu.
Quando eu cheguei na porta
O velho teve um espanto
E eu disse vá trabalhar
Que eu não dou esmola a santo.
Troque o santo numa enxada
Deixe de ser preguiçoso
Pois santo não quer esmola
Deixe de ser presunçoso.
O velho me olhou e disse:
- Que São José te perdoe
E se Deus tiver ouvindo
Quero que ele te abençoe.
E que cubra tua casa
De paz, amor, união
Sossego, prosperidade
Conforto e compreensão.
E se um dia o senhor
Precisar deste velhinho
Ele não mora tão perto
E eu lhe ensino o caminho.
Fica no sítio Cauã
Onde já morou meu pai
A direita de quem vem
A esquerda de quem vai.
Se um dia o senhor passar
Por ali com precisão
De fome o senhor não morre
Também não dorme no chão.
Quando o velho disse aquilo
Eu senti naquele instante
Como se eu fosse uma formiga
Sob os pés de um elefante.
Tava com as pernas tremendo
Digo e não peço segredo
Que o velho deu-me uma pisa
Sem me tocar com o dedo.
Eu com tanta ignorância
Ele tanta mansidão
Fez eu pagar muito caro
A falta de educação.
Então naquele momento
Eu gritei por Salomé
Mandei trazer pra o velhinho
Uma xícara de café
E contando a grana minha
Só vinte reais eu tinha
Dei todinho a São José.
Zé Laurentino

sábado, março 08, 2025

CORDEL - É no batente da vida que a mulher dá seu recado

 25 03-08


Pode ser uma ilustração de texto que diz "& !ー ፈ ERIVALDO"

É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO
Mote de Dalinha Catunda
*
Com certeza, absoluta
A mulher tem vez e voz
Da situação atroz
Saiu e partiu pra luta
Hoje com nova conduta
Renega o patriarcado
Pra ela já tem mercado
E de nada é proibida
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO.
Dalinha Catunda
*
Em qualquer situação
Mulher manda muito bem
Não tem mas, não tem porém
Que deixe na contramão
Sabe agir com emoção
Mas a razão é o teclado
Que dá o tom afinado
À melodia escolhida:
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO
Bastinha Job
*
A mulher é o meu norte,
É o meu diapasão,
É minha consolação
Quando sei que não sou forte.
Meu arrimo, meu suporte,
O meu porto sossegado,
Nela encontro o legado
De amor e de guarida,
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO.
Chico Joânio
*
A mulher já se deu conta
do recado e competência,
vem de berço essa excelência,
portanto, já nasce pronta...
A verdade nos aponta,
como um fato destacado,
mas, há tempo, ultrapassado
e ela, disso, é convencida...
"É no batente da vida
que a mulher dá seu recado."
David Ferreira
*
Houve um tempo bem distante,
em que tudo era obscuro,
sem presente e sem futuro
que, a mulher, irrelevante,
não ousava, triunfante,
revelar algo inovado,
pois, seu mundo mal fadado
lhe julgava imerecida...
"Foi no batente da vida
que a mulher deu seu recado."
David Ferreira
A mulher é poderosa
cheia de amor e carinho
comparada a uma rosa
uma flor que tem espinho
o homem que vive sozinho
se sente desnorteado
sempre quer ter ao seu lado
uma mulher decidida
É no batente da vida
Que a mulher dá seu recado
Mana Cardoso.
*
Elevando a consciência
Nas lutas do dia-a-dia
Conquista-se a garantia
Da sua sobrevivência
Tornando uma existência
Digna, deixando legado
Pelo caminho trilhado
Sendo por outras, seguida
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO
Creusa Meira
*
Tá havendo negligência
é triste a situação
vê-se na televisão
o crescer da violência.
Tá faltando sapiência
ao machismo descarado
que muito tem maltratado
a quem se deve guarida
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO.
Francy Freire
*
A mulher deixa sua marca
Com tintas fortes no traço
Caminha sem embaraço
Não posa de matriarca
A vida, ela abarca.
A mulher com seu cuidado,
Deixa aos filhos o legado,
Dos embates desta lida.
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO
Rosário Pinto
*
Este mote no cordel
Vai dar muito que falar
E a mulher não vai calar
Vai passar para o papel
Como todo menestrel
Que não fica acorrentado
No seu poema abusado
Ela se mostra atrevida
“É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO.”
Vânia Freitas – Fev. 25/2016
*
Era uma vez um país
Que não perdeu a memória
Construíram sua história
São mulheres brilhantes
Com seus papéis relevantes
Deixam enfim o seu passado
Num momento apropriado
Todas elas tem guarida
É NO BATENTE DA VIDA
QUE A MULHER DÁ SEU RECADO.
Ivonete Morais
Xilo de Erivaldo Ferreira
  

SER BASTIÃO - Poesia - Airton Soares

 25 04-07 ᵈᵒ ᵐᵉᵘ📌𝗙𝗟𝗔𝗡𝗘𝗟𝗢́𝗚𝗥𝗔𝗙𝗢  .                            Aᶦʳᵗᵒⁿ Sᵒᵃʳᵉˢ      * * 07 04 25   Ser bastião                     ...