26 05 2025
via face/Memórias do Ipu
GRACE RIBEIRO
Ipu/1969
Sabe o que me lembra o Ipu?
O galo cantando ao amanhecer. Isso me dar uma saudade do meu "berço amado".
As pessoas falando "Avia, criatura" para apressar a caminhada.
A cerração no sopé da serra da Ibiapaba, denunciando o frio da madrugada.
O canto da cotovia na mata fechada,
as cigarras assobiando sob as árvores
na caminhada para o banho no Gangão
em perfeita sintonia com o murmúrio do riacho Ipuçaba.
A Bica prateada jorrando nas manhãs de sol, trazendo alegria e motivação.
O picolé de buriti, que nunca esqueci o sabor, uma delícia!
As chuvas torrenciais com trovões assustadores me deixavam ansiosa.
A ladeira em que pedalava veloz rumo ao centro da cidade me dava a sensação de liberdade.
As tertúlias animadas no Clube do Grêmio.
A banda de música "Os Cometas", passando o som da música "O Milionário".
A minha primeira comunhão na igreja matriz com o Padre Moraes.
O café quentinho com pão e manteiga na casa da Tia Dorinha, irmã de minha mãe.
Os fartos almoços na casa da Tia Estrela, irmã do meu pai.
Os passeios na serra grande com Tio Jonas,
onde visitávamos os engenhos de cana de açúcar para nos servirmos da rapadura quentinha, mel, alfininho e batida.
Os banhos de açude na fazenda "Bonito", que lugar maravilhoso.
O primeiro beijo roubado na porta de casa
me deixou vendo estrelas cintilantes.
As feiras semanais com as novidades trazidas pelos feirantes em seus burricos de carga.
As aulas no Colégio Patronato pertinho de casa foram inesquecíveis.
As Festas do padroeiro São Sebastião, deixavam a Praça de Iracema lotada de gente de todas as idades.
Quanta saudade eu tenho do Ipu do meu tempo de adolescente.
Grace Ribeiro.