25 04-11
AYLA COSTA
Hoje, na Bienal do livro, lançamento de mais uma excelente obra literária do nosso brilhante confrade e amigo Dr. José Maria Bonfim de Morais, intitulada:
Paulo Marcelo Martins Rodrigues pelos labirintos da perplexidade.
Parabéns, caríssimo Dr. José Maria! Sucesso sempre!
Dr. José Maria
Última Homenagem a Paulo Marcelo
“Um grande pequeno gênio ganha a fama, um grande gênio não ganha crêDito;um gênio maior ganha o desespero; um Deus a crucificação. Quanto mais nobre o gênio, menos nobre o destino”.
Fernando Pessoa.
Eu o chamava sempre Dr. Paulo Marcelo. Alguns o chamavam Marcelo. Mas Paulo calhava-lhe bem. Lembrava o destemido e brilhante Saulo. Sinônimo de determinação caminhando junto com a competência. Faiscava de tanta luz. Luz que jorrava de um mente privilegiada. Regis Jucá, outra luz, dividiu a Medicina Clínica do Ceará, antes e depois de Paulo Marcelo.
Fui seu aluno, seu interno, seu colega, seu paciente, seu amigo e finalmente seu médico. Por plena ironia do destino tombou nos meus braços. Enfrentou a morte como os grandes mártires. De pé. Sem venda nos olhos. Peito arfando. Peito roto, mas erguido.
Com a alma límpida. Com a mente clara. Nunca soçobrou diante da morte. Dela arrancou tantos pacientes que aprendeu a não temê-la. Nos Últimos afagos de vida, fez-me um pedido- Zé não vai ter ressuscitação. Dói-me muito vê-lo ser tirado de combate. Vai-se um pouco da minha vaidade de ser médico. Perco demais. Eu o tinha como exemplo. Seguia-lhe o caminho mas jamais o alcancei. Corria demais.
Era imbatível. Incansável. Somente a morte esguelha é traiçoeira, podia abatê-lo. IrIa com ele ao INCOR. À cata de um novo coração. Mas me perguntava, sempre, quem daria um coração a este gigante? Que coração seria capaz de inundar está mente tão brilhante? Que coração caberia dentro deste peito tão amigo?
QUe coração em sístoles e diástoles intermináveis saciara a esta insaciável fome de saber? Ué coração levantaria estes braços que abraçaram tantos, com amor sem igual? Que coração teria cordas tendinhas tão fortes pra segurar tanto estoicismo? Que coração teria valvas competentes para deixar vazar no sangue o suor de tanto trabalho? Que coração moveria este tufão de inteligência? Não existia coração para vc meu amigo.