A lógica duvidosa de uma das mais conhecidas pegadinhas da Língua PortuguesaPor Bruno Rodrigues
“(...) compete ao poder público oficializar mudanças nas convenções ortográficas, mas tais alterações não significam mudanças linguísticas, já que, por mais que possa refletir em parte o sistema de sons da língua, a ortografia não faz parte desse sistema. Unificação ortográfica nada tem a ver com uniformização da língua. As línguas são como são em virtude do uso que seus falantes fazem dela, e não de acordo de grupos ou de decretos de governo” (grifo meu). O mais engraçado é que, para justificar somente as três formas dicionarizadas, dizem que há uma regularidade na nossa língua de passar o “z” para “c” e “ç” (exemplos: feliZ > feliCidade; atroZ > atroCidade etc.), mas não passam “pizza” para “piça”. Alguém poderia dizer: “Mas se fosse pra mexer em pizza, teria que ser pitça”. Pode até ser, mas não seguiria o padrão de mozzarella em muçarela – não escrevemos mutçarela. Ainda continuamos escrevendo “piZZa” – muito embora, em Portugal, esteja oficializada “piza” (dicionário da Porto Editora). Não que eu ache interessante seguir um uso europeu, só estou dizendo que lá eles não seguiram essa padronização de mudança de “z” para “ç” - simplesmente suprimiram um “z”: piZZa > piZa. Isso se justifica porque na língua portuguesa há uma tendência a não duplicar consoantes, então tira-se uma delas e pronto... mesmo que em português não tenhamos o som de “tç” para “z” (pronunciamos “pitça”, fiel à pronúncia italiana do “zz”). Entre ficar mozarela (ou muzarela) e muçarela, o mais coerente ainda é com o “ç”, porque não temos palavra portuguesa em que o “z” tenha som de “ç” entre vogais (bons exemplos disso são as palavras “azarado”, “nobreza”, “baliza”, “globalização”... Viu? Nenhuma dessas tem som de “ç”). De acordo com Dílson Catarino : “Talvez, como a palavra italiana tem dois ‘zês’, nós, brasileiros, tenhamos simplesmente os trocado inadvertidamente por dois ‘esses’. É, porém, inadequado ao padrão culto da língua escrever mussarela”. Eu acredito ser muito mais razoável acreditar que o uso do “ss” em mussarela se deu por ter o mesmo som de “ç”, e não por a gente achar que como tem “zz” na palavra italiana devemos manter a duplicação de consoantes. Ou seja, acredito que o “ss” se deveu muito mais à semelhança fonética do que gráfica. Enfim, basta que alguém passe a caneta e registre mussarela (forma que todos nós brasileiros usamos)... Mas aí teriam uma pegadinha a menos para colocar nas provas de concurso, não é mesmo? Bruno Rodrigues é estudante de Letras Português/Inglês do Centro Universitário Cesmac, Maceió, Alagoas. http://linguanamadrugada.blogspot.com
| |||||||||||||||
|
Airton Soares nasceu em Ipu, Ceará. PHD – Poeta, Humorista e Didata. É formado em Letras, e se especializou em Literatura Brasileira. || Livros publicados: O Mundo Fora de Esquadro, Cuide Bem do seu Jardim e A Terra de Saco Cheio.
Trova
°°°°°° Aquilo que a gente ignora /
Gera medo e nos agita, /
Mas "quem sabe faz a hora" /
Não espera nem hesita. AS® °°°°°°
Seguidores
quarta-feira, dezembro 07, 2011
Uma pizza de muçarela, por favor!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário