AILCA

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quinta-feira, setembro 11, 2025

11 PAULO RONALTH - A Constituição Observa

 A Constituição Observa


I

Acordei com o país na garganta

e um ministro na televisão

a toga tremia no verbo

mas não tremia na mão


II

Fux jogava futevôlei em silêncio

enquanto a Constituição, sentada,

olhava o campo da vergonha

com a alma desamparada


III

O voto não era voto

era fuga em latim

um biombo de palavras

pra esconder o que há de ruim


IV

Não julgou o golpe, julgou o foro

não viu o crime, viu o atalho

não enfrentou o abismo

preferiu mudar o baralho


V

Craque de Ipanema, juiz de areia

malandro de toga, sorriso de meia

decidiu não decidir

e proibiu que se decidisse


VI

A História, que não dorme

anota em silêncio o escárnio

não há brocado que salve

o que se escreve no armário


VII

Não é defesa de homem

é defesa de causa estrangeira

fala Fux, mas ecoa Trump

fala Fux, mas soa bandeira


VIII

A Constituição, traída

não grita, mas observa

o país, em sua nudez

vê a toga que não conserva


IX

O voto se arrasta em floreios

como serpente em vitrine

mas o veneno não é técnico

é político, é sublime


X

Não há glória no gesto

há deserção com verniz

o ministro que se protege

não protege seu país


XI

Será vencido, será só

mas servirá aos futuros embates

onde a farsa se repete

com novos nomes, novos trastes


XII

E quando a esperteza engolir o esperto

como sempre faz no final

a peruca cairá no chão

junto ao Manual do Cara de Pau


Ronalth 

Setembro2025

quarta-feira, setembro 03, 2025

03 PAULO RONALTH - Denúncia

 03 09 25

Denúncia 


No fundo escuro do mar

um colosso de aço e silêncio

rasga as águas sem aviso.

Propulsão nuclear, serpente sem som,

anunciada em Caracas, acusada

na mesa das Nações Unidas.


Vozes urgem por um gesto:

que o Brasil, irmão inquieto,

ergue a bandeira da palavra

contra a Tlatelolco rasgado—

aquele pacto de 1967,

juramento à desarma nuclear.


Mas nesse canto do mundo

há receio no Planalto:

denunciar o gigante do Norte

é afiar a lâmina da disputa,

é soprar chama no vento

de tarifas e retaliações.


E o submarino desliza,

fantasma de Paulo Afonso a Itaguaí,

silhueta de potência

que desafia juramentos.

Quem defende o tratado hoje

acorda o pesadelo da guerra.


Ó Brasil, poeta silencioso,

ergue a voz antes que o mar

engula inteiro o seu testemunho.

O pacto jaz, ferido, clamando

por um coração desprendido

que se diga irmão, e não fantoche.


Que a reticência se rompa

como o casco do monstro atômico,

e então possamos cantar juntos

a promessa de uma região livre

dos infernos forjados no abismo.


Ronalth

segunda-feira, setembro 01, 2025

01 PAULO RONALTH - O Eco que Mora no Outro

 01 09 25

O Eco que Mora no Outro


Não é estar junto,

é caber no silêncio do outro

como quem encontra

a própria voz

numa boca alheia.


Pertencer não é convite,

é reconhecimento.

É quando o olhar do outro

não nos mede,

mas nos entende.


Há lugares que nos aceitam,

mas não nos acolhem.

Há pessoas que nos cercam,

mas não nos tocam.

E há instantes raros

em que o mundo parece

nos chamar pelo nome.


Pertencer é isso:

não é estar na festa,

é dançar com o coração leve,

sem medo de tropeçar.


É quando o que somos

não precisa se esconder

nem se explicar.


É quando o eco da alma

bate no peito do outro

e volta inteiro.


Ronalth

segunda-feira, agosto 18, 2025

18 PAULO RONALTH Silêncio por Gaza

 18 08 25

Silêncio por Gaza


Não há sinal.

Não há som.

Não há mundo.

Há ruínas.


Caminho entre escombros como quem procura

um resto de voz,

um fiapo de rede,

um sopro de humanidade.


Não é fuga.

É testemunho.

Porque morrer sem ser ouvido

é morrer duas vezes.


Gaza está muda.

Mas não é silêncio,

é sufocamento.

É o grito que não atravessa o cabo cortado.


As bombas não cessam.

Bombardeiam a fome.

Bombardeiam o gesto.

Bombardeiam o tempo de esperar.


E os que esperam?

morrem.

E os que correm?

morrem.

E os que falam?

são calados.


A internet era o último suspiro.

Não era luxo.

Era prova.

Era sangue digital correndo por fios.


Agora, na escuridão,

massacram sem consequência.

Sem imagem.

Sem eco.


Mas eu,

com um sinal fraco,

como um moribundo que encontra uma chama,

envio esta mensagem.


Não para ser salvo.

Mas para dizer:

estamos vivos.


E se você lê,

lembre-se:

caminhamos pelo fogo para nos manifestar.

Não ficamos em silêncio.

Fomos silenciados.


Às 21h, desligue.

Desligue tudo.

Por trinta minutos,

faça do seu silêncio um grito.


Porque o silêncio também é resistência.

Porque o silêncio também é memória.

Porque o silêncio também é Gaza.


Ronalth

domingo, agosto 17, 2025

17 PAULO RONALTH - A Arte de Envelhecer

 A Arte de Envelhecer

17 08 25


Envelhecer não é para os fracos,

mas tampouco é para os apressados.

É preciso ter tempo,

tempo de sobra para perder os medos,

para esquecer os nomes que não importam,

e lembrar os rostos que ficaram.


O espelho já não mente,

mas também já não fere.

Ele apenas sussurra:

“Veja, você ainda está aqui.”

E isso, meu caro, já é um milagre.


A juventude partiu com seus saltos altos,

com suas urgências e suas vaidades.

Mas deixou, como quem esquece um casaco,

um pouco de esperança no cabide da alma.


Agora, os passos são mais lentos,

mas não tropeçam mais em ilusões.

O adeus já não dói,

é só uma vírgula no poema da vida.


Envelhecer é como escrever com lápis macio:

a letra falha, mas o sentido é mais bonito.

É descobrir que a beleza nunca foi o rosto,

mas o riso que ficou depois da lágrima.


E no fim, quando tudo parece silêncio,

há uma música suave no coração:

a melodia das histórias que ninguém viu,

mas que você viveu,

e isso, sim, é eternidade.



Ronalth

16 PAULO RONALTH - Vergonha nos Bastidores

 16 08 25

Vergonha nos Bastidores 


No campo verde onde o sonho se anuncia,

Ecoa um grito de dor e amargura.

Nosso mestre sofreu traço de covardia,

No cerne do clube, despediu-se na tortura.

“Se eu fosse o Paz”, confesso a agonia,

“Nem teria coragem de enfrentar a loucura”.


E se fosse o Vojvoda em seu banco a reinar,

Nem Marinho, Deyverson ou Diogo Barbosa quis enfrentar.

Sem voz para denunciar o que viu a conspirar,

Escondeu a coragem, não ousou sequer falar.

De volta ao gramado não ousaria pisar,

Tropeçava na dúvida, sem vontade de lutar.


Sob o rumor denso desce a névoa do segredo,

Sussurra-se que houve acordo na calada.

Um trato escondido, oculto ao nosso enredo,

Entre paredes frias foi selada a jornada.

Fica o torcedor sem conhecer o enredo,

Preso à desilusão dessa história calada.


Vergonhosa manobra, ato de ingratidão,

Fizeram com ele o que honra não aceita.

Nosso melhor treinador caiu em contradição,

Roubada a confiança, restou a meta desfeita.

Que a lembrança viva sua fiel atuação,

E faça tremer quem a dignidade não respeita.


Que a justiça retorne em luz e proclamação,

Restituindo ao clube o calor de seu abrigo.

Que o mestre regresse em justa redenção,

E traga de volta o sorriso antigo.

Torcedor valente, ergue o grito e a canção,

Para que o sentimento supere o castigo.


Ronalth

16 Reunião AILCA

 16 08 25

Reunião AILCA - Fortaleza

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terça-feira, agosto 12, 2025

12 PAULO RONALTH - Quando o Amor Chega

 12 08 25

Quando o Amor Chega

O amor não bate à porta,

ele entra pela janela,

desarruma os móveis da alma

e planta flores onde havia cautela.

Vem com asas suaves,

mas traz espinhos escondidos.

Faz do peito um jardim,

e às vezes, um campo de feridos.

Não pede licença,

não segue roteiro.

O amor é um pássaro sem mapa,

voando entre o céu e o travesseiro.

Ele coroa com luz,

mas também crucifica.

Nos leva ao alto dos sonhos

e à raiz que se explica.

Nos debulha como trigo,

nos peneira com paciência,

nos molda com ternura,

nos leva ao fogo da essência.

E quando pensamos que é só alegria,

ele nos ensina a dor que purifica.

Mas quem ama de verdade

sabe que até a lágrima edifica.

O amor não quer posse,

nem quer ser possuído.

Ele é inteiro, é livre,

é um mistério vivido.

Não digas: “Deus está no meu coração”,

mas sim: “Eu estou no coração de Deus.”

Pois o amor, se digno te achar,

te levará por caminhos seus.

E se desejares algo do amor,

que seja cantar como um riacho,

sentir a dor com alegria,

e dormir com um verso no cacho.

Ronalth

sábado, agosto 09, 2025

09 PAULO RONALTH - Tempo de Vozes Vazias

 09 08 25

Tempo de Vozes Vazias


Estamos no tempo

em que as palavras se vestem de outras,

como máscaras em baile sem música.


Ditadura se chama democracia,

censura vira proteção,

e o progresso?

ah, o progresso,

é só uma coleira mais brilhante.


As identidades,

antes abrigo,

viraram trincheiras.

E o debate?

Campo minado,

onde cada passo é explosão

e cada silêncio, suspeita.


Aqui e alhures,

ninguém pergunta mais:

“Quem fala?”

“Por quem?”

“Com que direito?”


A voz perdeu o rosto.

O rosto, a história.

E a história,

o sentido.


Resta o eco,

vago,

de uma pergunta esquecida

num tempo que já não escuta.


Ronalth 

Agosto 2025

09 MOURÃO - A sentinela de um poeta

 09 08 25

Mourão

A sentinela de um poeta


silêncio.

um sino trêmulo treme, toca;

a tristeza saltita

palpita e grita no peito de alguém 

desconhecido e só no velório de mim;

um breve sopro de brisa balança 

as folhas que sobram dos telhados;

uma gota d'água despenca de uma folha que voou;

a torre da igreja se esconde dos prédios;

não se sabia de onde vinham as batidas 

agora dispersas...

o sino palpita, gemendo de dor e pena de mim.

enfim, o velho caixão, ainda aberto, 

fecha-se sobre mim...

antes, uma lágrima estranha me molha os lábios;

atrevidamente espera um aperto ao menos de dor...

calam-se os sinos, cerram-se os lábios...

a cova fechou...

há pena de mim; em mim há glória.

minha glória será assim? (Valdemir Mourão. Ceia Literária 5. O lago das vozes).

sexta-feira, agosto 08, 2025

08 LUCILA AIRES - Coral Harmonia - 20 anos

 08 08 25

Lucila Aires

Quero registrar aqui um momento especial na Comemoração dos 20 Anos do Coral Harmonia!

Um sonho tecido por vozes que se uniram não apenas para cantar, mas para emocionar, encantar e transformar vidas. 

Duas décadas de história!


Ao longo desses anos, atravessamos palcos, Igrejas, teatros, praças e corações.


Somos MEDALHA DE OURO!


O Coral Harmonia não para nas Estações, o seu trem passa deixando brilho, emocionando e encantando nas suas apresentações.

Que venham muitos outros anos de alegria e harmonia.

Porque onde há canto, há vida. E onde há o Coral Harmonia há emoção!


Parabéns para nós.


E como tudo começou com um Grupo de Amigos Ipuenses tendo a frente o Abílio na época da AFAI, e eu continuei como Coral Independente, e sou Coordenadora até hoje tendo Gonzaga como Regente durante todo este tempo.

E tínhamos que homenagear o IPU com seu "Hino".

Porque de Ipuenses no Coral somos só três. Célida Bezerra, Fransquinha Bezerra e eu.

::::




Augusto Pontes

Parabéns ao coral Harmonia, especialmente, a Coordenadora @Lucila Aires, eu sou testemunha do seu esforço e dedicação em prol do coral, que tem muita coisa boa pra mostrar .

11 PAULO RONALTH - A Constituição Observa

 A Constituição Observa I Acordei com o país na garganta e um ministro na televisão a toga tremia no verbo mas não tremia na mão II Fux joga...