18 08 25
Silêncio por Gaza
Não há sinal.
Não há som.
Não há mundo.
Há ruínas.
Caminho entre escombros como quem procura
um resto de voz,
um fiapo de rede,
um sopro de humanidade.
Não é fuga.
É testemunho.
Porque morrer sem ser ouvido
é morrer duas vezes.
Gaza está muda.
Mas não é silêncio,
é sufocamento.
É o grito que não atravessa o cabo cortado.
As bombas não cessam.
Bombardeiam a fome.
Bombardeiam o gesto.
Bombardeiam o tempo de esperar.
E os que esperam?
morrem.
E os que correm?
morrem.
E os que falam?
são calados.
A internet era o último suspiro.
Não era luxo.
Era prova.
Era sangue digital correndo por fios.
Agora, na escuridão,
massacram sem consequência.
Sem imagem.
Sem eco.
Mas eu,
com um sinal fraco,
como um moribundo que encontra uma chama,
envio esta mensagem.
Não para ser salvo.
Mas para dizer:
estamos vivos.
E se você lê,
lembre-se:
caminhamos pelo fogo para nos manifestar.
Não ficamos em silêncio.
Fomos silenciados.
Às 21h, desligue.
Desligue tudo.
Por trinta minutos,
faça do seu silêncio um grito.
Porque o silêncio também é resistência.
Porque o silêncio também é memória.
Porque o silêncio também é Gaza.
Ronalth