25 04-02
Carcará
Ele estava ali espreitando do alto do edifício a sua próxima iguaria, que inadvertidamente é colocada na varanda dos apartamentos de pessoas que nem imaginam que terão a carne de seu almoço surrupiada sorrateiramente pelo gavião urbano.
Aconteceu comigo. Tirei meio quilo de bisteca bovina congelada do freezer e deixei na bancada da varanda para descongelar, enquanto fui tomar um banho rápido e voltar para preparar o meu rango.
Mas ao retornar encontrei três pedaços de ossos, a carne tinha sumido! Pasma fiquei e ao olhar para o pátio do prédio vi uma porção de carne estatelada no chão. Logo imaginei que tinha sido o carcará que costuma dar seus vôos rasantes no meu "céu de brigadeiro".
Fiquei arrasada e amaldiçoei o pássaro faminto. Em seguida recebi uma ligação no interfone. Era o porteiro comentando que o síndico estava reclamando que os moradores estavam jogando restos de carne pela varanda, que ia baixar uma portaria e cobrar multa dos responsáveis.
Eu não acreditei, somos roubadas e ainda vamos ter que pagar multa? Tive que explicar o ocorrido para a administração do condomínio, que compreendeu a situação, mas me exigiram colocar uma tela de proteção na varanda. Tive que concordar e arcar com este prejuízo imprevisto, pois isso certamente me evitará outros problemas com pombos, periquitos e papagaios que costumam invadir o espaço aéreo em frente ao edifício.
A selva é de pedra, mas os pássaros, silvestres ou não, estão sempre sobrevoando as praças e avenidas das cidades nos encantando ou aborrecendo com suas peraltices.