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quarta-feira, setembro 03, 2025

03 PAULO RONALTH - Denúncia

 03 09 25

Denúncia 


No fundo escuro do mar

um colosso de aço e silêncio

rasga as águas sem aviso.

Propulsão nuclear, serpente sem som,

anunciada em Caracas, acusada

na mesa das Nações Unidas.


Vozes urgem por um gesto:

que o Brasil, irmão inquieto,

ergue a bandeira da palavra

contra a Tlatelolco rasgado—

aquele pacto de 1967,

juramento à desarma nuclear.


Mas nesse canto do mundo

há receio no Planalto:

denunciar o gigante do Norte

é afiar a lâmina da disputa,

é soprar chama no vento

de tarifas e retaliações.


E o submarino desliza,

fantasma de Paulo Afonso a Itaguaí,

silhueta de potência

que desafia juramentos.

Quem defende o tratado hoje

acorda o pesadelo da guerra.


Ó Brasil, poeta silencioso,

ergue a voz antes que o mar

engula inteiro o seu testemunho.

O pacto jaz, ferido, clamando

por um coração desprendido

que se diga irmão, e não fantoche.


Que a reticência se rompa

como o casco do monstro atômico,

e então possamos cantar juntos

a promessa de uma região livre

dos infernos forjados no abismo.


Ronalth

segunda-feira, setembro 01, 2025

01 PAULO RONALTH - O Eco que Mora no Outro

 01 09 25

O Eco que Mora no Outro


Não é estar junto,

é caber no silêncio do outro

como quem encontra

a própria voz

numa boca alheia.


Pertencer não é convite,

é reconhecimento.

É quando o olhar do outro

não nos mede,

mas nos entende.


Há lugares que nos aceitam,

mas não nos acolhem.

Há pessoas que nos cercam,

mas não nos tocam.

E há instantes raros

em que o mundo parece

nos chamar pelo nome.


Pertencer é isso:

não é estar na festa,

é dançar com o coração leve,

sem medo de tropeçar.


É quando o que somos

não precisa se esconder

nem se explicar.


É quando o eco da alma

bate no peito do outro

e volta inteiro.


Ronalth

03 PAULO RONALTH - Denúncia

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