segunda-feira, setembro 05, 2022

 MÚSICA - um ruído que pensa -56

É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca

.

FUNERAL DE UM LAVRADOR - 1966 - Chico Buarque

domingo, setembro 04, 2022

CRÔNICA - Fome de Vento

 Por Vittorio Medioli

Publicado em 4 de setembro de 2022


Enquanto se é jovem, o prelúdio do fim, a velhice, parece tão distante como outra galáxia.

Nunca chegaremos lá.

Porém, em certo momento me intriga ver gente nos deixando: alguns amigos e, a conta-gotas, os avós, tios, pais e outros por decurso de prazo. Chega-se à posição de sermos os próximos em ordem temporal, ninguém mais na fila. Ficamos órfãos na plateia de onde se assiste à representação interpretada pelas novas gerações. Depois de as outras gerações terem se dissolvido como as luzes do pôr do sol, passamos a contar quem sobra da nossa geração. Contam-se os sobreviventes, e subirmos o morro para a despedida de entes queridos passa a ser uma ginástica.

Sim, a nossa validade é determinada, sem ser estampada no frasco ou na bula. Ao nascer, ao sair do ventre da mãe, a única certeza é que deveremos deixá-la enterrada ou como cinzas espargidas. Bom mesmo é desconhecer quando e como, é não termos que ficar numa contagem perturbadora.

Começa em certa época a se agradecer pelos anos, depois pelos meses, enfim pelos dias. Um dia a mais representa o resto de nossa nova vida, de um recomeço valioso de possibilidades neste planeta, sempre que a saúde nos seja companheira fiel.

Chega-se a um ponto em que se tem certeza, na lógica cósmica, de que nós temos apenas uma vida; o purgatório, o inferno ou, ainda, o paraíso são metáforas de estados entre vidas.

Num universo de bilhões de anos e de galáxias, de trilhões de planetas, nada se destrói, mas tudo se transforma, como ensinou Antoine-Laurent de Lavoisier. Nós também vamos mudando, evoluindo, expandindo-nos, continuando em um ou outro dos mundos.

No ensinamento Vedanta, os homens e mulheres são seres que alcançaram o mérito de se encararem como tais mantendo a individualidade consciente, depois de incontáveis ciclos minerais, vegetais e animais.

A condição privilegiada do ser humano, que o faz rei deste mundo, é possuir o livre-arbítrio, que exercita em milhares de vidas até encontrar uma porta aberta. Esta, dizem, sempre existiu, “ninguém pode fechar” para passarmos adiante, num estágio pós-humano. Talvez angelical, desempenhando outras tarefas em mundos e dimensões mais adiantados. Difícil de se entender na ressaca da luta terrestre.

Fascinante. Perturba profundamente, contudo, quem prefere ficar mergulhado na matéria, nos prazeres dos sentidos, ou se escora apenas na ciência “conhecida” e tenta eliminar o que não vê, não sente.

Em mais elevadas tarefas – coisas que se parecem agora como “pérolas jogadas aos cães e porcos” – caberá a ele cuidar de outras centelhas divinas do conjunto-uno em viagem eterna neste universo: revelação do pensamento de alguém, dito de Deus.

Isso, por paradoxal que pareça, não entra em conflito com a religião católica, é a semente escondida, cujo fruto, para alguns poucos, já se fez verdade e, para outros, ainda não.

Cristo não é uma pessoa, é a realidade alcançada por um ser. O estado crístico dá início ao pós-humano, à Ascensão. É o resultado, a meta de uma trajetória evolutiva a que somos destinados. Alguns em posição mais adiantada, outros menos. Disso vem a multiplicidade na diversidade, e cada um com o dever de se importar com aqueles que vêm atrás.

Rudolf Steiner escreveu, ou melhor, interpretou e reescreveu os quatro evangelhos e lhes adicionou um quinto, cujo conteúdo apenas entenderão os que se elevaram acima das aparências, dos enganos, da luta crua por dinheiro, poder e glória. Efêmeros como pedra de Sísifo.

Cair e levantar, lutar e perdoar, repelir e atrair, mas a chave é o bem, é amar. Os prazeres passageiros, para conseguirmos coisas que aqui ficarão – apenas meios, e não fins –, como disse Qolet, são “fome de vento”.

terça-feira, agosto 30, 2022

A vida é cheia de ardis TROVA

 

A vida é cheia de ardis,
toda esperança é frustrada,
e a busca de ser feliz
é busca apenas... mais nada.
. Conceição de Assis – Pouso Alegre

Millôr VAIDADE

 Millôrmania 46

.
Não ter vaidades é a maior de todas.

MÚSICA - um ruído que pensa – 55 ♫ Meu caminho divide de nome

 MÚSICA - um ruído que pensa – 55

Meu caminho divide de nome
As terras que desço
Entretanto a paisagem
Com tantos nomes, quase a mesma
A mesma dor calada
O mesmo soluço seco
Mesma morte de coisa que não apodrece
Mas seca
Vou na mesma paisagem
reduzida a sua pedra
A vida veste ainda
A sua mais dura pele
.
HOMENS DE PEDRA -1966 Chico Buarque

segunda-feira, agosto 29, 2022

CHARGE melhorias MEU JARDINEIRO VIU

 ...

Pode ser um desenho animado de texto que diz "SIMONE& SORAYA em: AS MADAMES QUE NÃO VIRAM NADA EUNÃOVI EU TAMBÉM NÃO. QUEM VIU FOI MEU PROGRESSO SOCIAL JARDINEIRO, MINHA FAXINEIRA, MEU NOS GOVERNOS MORDOMO, MINHA COZINHEIRA, MEU DO PT MOTORISTA E MEU PERSONAL TRAINER 00008 000"

CHARGE debate

 


Eu não troco as ilusões TROVA

 

Eu não troco as ilusões
pelos caminhos mais certos.
Meu sonho de abrir portões
despreza portões abertos.
. Arlindo Tadeu Hagen – Juiz de Fora

CHARGE fome CARESTIA

 ..

Pode ser um desenho animado de texto que diz "QUAL SEU SONHO PRO FUTURO? COMER UM BIFE BEM PASSADO! পSS DukE"

MÚSICA - um ruído que pensa – 54 ♫ De sua formosura

 MÚSICA - um ruído que pensa – 54

De sua formosura
deixai-me que diga:
Belo como a coisa nova
na prateleira [até então] vazia. *
Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.
.
DE SUA FORMOSURA – 1966 Chico Buarque

Millôr CRIANÇA

 Millôrmania – 45

.
Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama quando ainda está estremunhado de sono.

domingo, agosto 28, 2022

CHARGE chuchu ALCKIMIM

  "Apesar de você"....

Pode ser uma imagem de comida

1

Minha amada, com bom jeito TROVA

 

Minha amada, com bom jeito,
mesmo ausente me domina...
Deixa a saudade em meu peito
como rainha interina!
. A. A. de Assis – Maringá

Millôr SUPERIOR inferior

 Millôrmania – 44

.
O mal de se tratar um inferior como igual é que ele logo se julga superior.

MÚSICA - um ruído que pensa – 53 ♫ Carnaval, desengano

 MÚSICA - um ruído que pensa – 53

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano
.
Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta-feira sempre desce o pano
.
SONHO DE UM CARNAVAL – 1966 – Chico Buarque

CHARGE bolsonaro pede perdão à USTRA

 ...

Pode ser um desenho animado de uma ou mais pessoas e texto que diz "BOLSONARO DISSE QUE IRÁ RESPEITAR 0 RESULTADO DAS URNAS CASO NÃO SEJA REELEITO PERDÃO, MEU SANTINHO! USTRA @AMA RILDO CHARGES"

Airton Soares

SER BASTIÃO - Poesia - Airton Soares

 25 04-07 ᵈᵒ ᵐᵉᵘ📌𝗙𝗟𝗔𝗡𝗘𝗟𝗢́𝗚𝗥𝗔𝗙𝗢  .                            Aᶦʳᵗᵒⁿ Sᵒᵃʳᵉˢ      * * 07 04 25   Ser bastião                     ...