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de Fevereiro meu pai estaria completando 117
anos. No início do século passado viver era uma aventura. Com uma mortalidade
infantil proibitiva. Escandalosa até, as famílias viam partir, seus rebentos
logo ao nascer. Uma continua tragédia.
Os
pais de Dom Helder Câmara perdiam um filho atrás do outro.
Achavam que era o nome usual de José, Francisco e João, que não garantia a
sobrevivência dos pequenos. Foi quando a mãe decidiu que iria por um nome
difícil. Pós o nome Helder.
Helder
foi longevo. Quando não era a
mortalidade infantil, era a
mortalidade materna. O viúvo quase sempre escolhia a irmã da finada. Em Crateús,
um senhor morreu aos 120 anos. Casou 5 vezes. Para economizar sogra, casou com
3 irmãs. Felipe enfrentou a Tuberculose e dela saiu ilesa. Educado com manzape
e tabefe, foi sempre graúlio. Saudável. Mas na década caiu doente.
Nós
ainda crianças todos preocupados.
A possibilidade tão próxima da orfandade. Que seria de nós? Desesperada minha
mãe se apegou com São Francisco. Época de eleição. Dr. António Luiz foi de Fortaleza
para votar em Crateús. Pois o médico que votava no Regina Pacis, resolveu fazer
uma visita a nossa casa.
Ficou
pasmo com o estado do meu pai.
Mas foi Certeiro no diagnóstico. Passou a medicação. No outro dia era o dia de
São Francisco. Papai
quase curado. E fomos nós descalços na procissão do
grande santo. Como foi milagrosa à visita do médico. Como Deus foi bom para nós.
Meu pai morreria com 100 anos e seis meses. Deus é bom!