25 03-29
SOLON SALES
Nosso Acadêmico Correspondente em Teresina, Alberto Jorge Castro com nossa amiga e ipuense Nívea Carneiro Castro.
Casal maravilhoso que me acolheu como um rei na casa deles.
Gratíssimo, Alberto Jorge e Nívea.
25 03-29
SOLON SALES
Nosso Acadêmico Correspondente em Teresina, Alberto Jorge Castro com nossa amiga e ipuense Nívea Carneiro Castro.
Casal maravilhoso que me acolheu como um rei na casa deles.
Gratíssimo, Alberto Jorge e Nívea.
11 02 25
CONVERSANDO "COM
CIÊNCIA"
Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Cadeira 65,
albertojorgecastro@gmail.com
Legenda: Fotografia estilizada de um trecho em terra da vegetação de Floresta Estacional Semidecidual da Fazenda Novo Mundo. Estrada que dá acesso a uma das áreas de Reserva Legal da propriedade. Alvorada do Gurguéia, Piauí. Data: 3/jul/2014.
FLORESTAS ESTACIONAIS VERSUS CERRADO
O bioma Cerrado, devido à
sua grande extensão e posição geográfica, compreende uma ampla diversidade de
litologias, formas de relevo, cotas altimétricas e solos. Por isto, está sob um
clima que é tipicamente sazonal, quanto à pluviosidade, e que apresenta
significativas diferenciações nas suas médias anuais de temperatura e
precipitação.
Esta alta heterogeneidade
ambiental faz com que a vegetação deste bioma seja uma das mais diversificadas
do Brasil. Em toda parte, o seu tipo de vegetação predominante ─ a savana
arborizada, ou Cerrado sensu stricto ─
é seguidamente intercalado por campos e florestas (Ibidem).
As florestas (ou matas) do Cerrado estão presentes em todos os compartimentos do relevo regional. As que ocorrem ao longo dos cursos d’água são chamadas florestas de galeria, ou florestas ciliares, e as outras são denominadas florestas estacionais, por terem dinâmica ligada à sazonalidade climática (IBGE, 2004).
As florestas estacionais
brasileiras têm sido classificadas como semidecíduas (ou subcaducifólias),
quando a percentagem de indivíduos arbóreos
desfolhados na estação
seca situa-se entre 20% e 50% do total, e como
decíduas (ou caducifólias), quando a percentagem se situa acima desta faixa
(VELOSO et al., 1991; IBGE, 1992). As que apresentam menos de 20% de indivíduos
desfolhados são consideradas "sempre-verdes" (ou perenifólias).
As florestas estacionais
ocupam, aproximadamente, 15% da área do Cerrado e estão entre
os tipos de vegetação mais degradados e fragmentados,
neste bioma (FELFILI, 2003).
Segundo Ledru (2002) e
Fernandes (2003) as florestas estacionais hoje existentes no Cerrado teriam surgido após um período
frio e seco, que prevaleceu há 5.000 ou 12.000 anos e que deu lugar ao clima da
atualidade. Estas se fazem presentes no supracitado bioma por um conjunto de disjunções ou fragmentos naturais, que estão distribuídos por toda a sua área de ocupação e que coincidem com áreas de solos bem drenados e de média a alta fertilidade
(EITEN, 1994; OLIVEIRA-FILHO; RATTER, 2002), sendo que este padrão disjunto de
distribuição é decorrente dessas mudanças climáticas.
As florestas estacionais do Cerrado possuem uma variedade de recursos que vêm sendo ou poderão passar a ser utilizados para gerar renda e bem-estar para a sociedade. Estas florestas concentram as mais importantes espécies madeireiras do Cerrado e algumas das melhores do Brasil, como os ipês (Handroanthus impetiginosus e Handroanthus serratifolius), o cedro (Cedrela fissilis), o gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) e alguns jatobás (Hymenaea courbaril e Hymenaea martiana). Também, possuem espécies que poderão ou já estão sendo usadas em arborização, tais como todas as espécies anteriormente citadas, as barrigudas (Cavanillesia arborea e Pseudobombax spp.), o angico-branco (Albizia niopoides), a bananinha (Samanea tubulosa), o pajeú (Triplaris gardneriana) e a saboneteira (Sapindus saponaria), dentre muitas outras e como alimento, as quais são citadas: o babaçu (Attalea speciosa), macaúba (Acrocomia aculeata), guariroba (Syagrus oleracea), cajazeira (Spondias mombin), pitombeira (Talisia esculenta), castanha-do-gurguéia (Dipteryx lacunifera) e o jenipapeiro (Genipa americana). Este componente contém, ainda, várias espécies de rápido crescimento, que têm mostrado potencial para serem plantadas com vistas à produção de madeira, para fabricação de carvão, contemplando também plantas, que são ou poderão vir a ser utilizadas na medicina popular, na indústria farmacêutica e de cosméticos; como fonte de fibras, resinas, óleos, tanino e material para confecção de artesanato; e como recurso para melhoramento de espécies cultivadas comercialmente, de gêneros como Annona, Dioscorea, Diospyros e Manihot (PEREIRA et al., 2011, com modificações).
Diante do cenário expendido, assim como pelo fato de ocuparem a maior
área no cerrado, assim como por ocorrerem em solos férteis e possuírem espécies
de madeiras de alto valor comercial, estas florestas foram o primeiro tipo de
vegetação a ser explorado e convertido em áreas de produção de alimentos, neste
bioma (AUBREVILLE, 1959).
Recentemente, algumas
disjunções destas florestas passaram a integrar o conjunto de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade (BRASIL,
2002), devido à peculiaridade e à importância das suas biotas,
e ao fato de funcionarem
muito provavelmente como "corredores" que possibilitam o fluxo de
espécies e de genes entre as diferentes disjunções (FELFILI, 2003; SCARIOT;
SEVILHA, 2005).
Os maiores desafios atuais
são reduzir as intervenções destrutivas do homem, nas áreas remanescentes e,
principalmente nas áreas semiprimárias; recompor a vegetação das partes
desmatadas, para restabelecer a conectividade entre os fragmentos e as disjunções; e desenvolver métodos de exploração
sustentável destas florestas. Este último desafio está sendo enfrentado por
meio de investigações que têm procurado avaliar o comportamento das florestas
estacionais do Cerrado, face à aplicação de técnicas de manejo silvicultural de
baixo impacto, as quais visam a estimular o crescimento das espécies arbóreas
de maior valor comercial, sem interferir, negativamente, na regeneração
natural. As investigações já realizadas demonstraram que a aplicação
de algumas destas
técnicas resulta em aumentos
de até 20% nos incrementos diamétricos anuais, o que pode conduzir a ciclos de corte mais curtos e à viabilização da
exploração sustentável destas mesmas florestas (VENTUROLI, 2008; VENTUROLI et
al., 2011).
O que se vislumbra, com a
comprovação da eficácia destas técnicas, é a volta
da oferta de madeiras de alta qualidade ao mercado, com danos mínimos ao
ambiente e com benefícios econômicos e sociais para a região e a nação. Vale,
também, considerar que, se forem aplicadas, nas Reservas Legais previstas no Código Florestal Brasileiro (Leis Nº
12.651/12 e Nº 12.727/12) (ANTUNES, 2012), estas técnicas poderão contribuir
para que estas glebas passem a ser tidas pelos
fazendeiros como fonte complementar de renda e áreas
que agregam valor às propriedades rurais.
FLORESTAS ESTACIONAIS VERSUS CAATINGA
O bioma Caatinga abriga
diversas formações vegetais, incluindo fisionomias florestais e não-florestais
(ANDRADE-LIMA, 1981). Encontra-se na região nordeste do Brasil, ocupando cerca
de oito unidades federativas e representa o maior núcleo de florestas secas
(semideciduais e deciduais) na América Latina (PRADO;
GIBBS, 1993), com mais de 800.000km² (PRADO, 2003), devido a sua diversidade climática
(SAMPAIO, 1995), edáfica
e geomorfológica (AB’SÁBER,
1995).
No Brasil, as Florestas
Estacionais Semideciduais e Deciduais ou "matas secas" ocorrem naturalmente
na forma de manchas, distribuídas ao longo do Brasil Central (Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins), norte de Minas Gerais e Bahia (RIZZINI,
1997). Tais florestas também podem ser encontradas na região sul do Brasil
(IBGE, 2004), porém, estas apresentam outra condição ambiental (baixas
temperaturas) ocasionando a deciduidade foliar (OLIVEIRA-FILHO, 2009). De
acordo com Prado e Gibbs (1993), a distribuição em manchas desta fisionomia
florestal, provavelmente, indica que seriam remanescentes de uma antiga
floresta contínua, que conectava a Caatinga
aos Chacos argentinos durante o Pleistoceno, a cerca de 10.000 anos antes do presente.
No Nordeste brasileiro, as Florestas Estacionais ocorrem nos limites
entre a Floresta Atlântica a leste e ao longo de toda a zona de contato
entre as Caatingas e os Cerrados a oeste (IBGE,
1993), acompanhando a isoieta de
1.000 mm de precipitação anual (ANDRADE-LIMA, 1981).
Sabe-se que sua composição varia em função de vários fatores,
especialmente a distância do mar; e que àquelas
presentes em áreas de maior altitude dentro do semiárido, os chamados "brejos de altitude",
notabilizam-se por estarem circundadas por Caatinga (RODAL et al., 2008).
Entre as principais
características físicas e ambientais que distinguem a "mata seca matogrossense", por
exemplo, das demais formações florestais tropicais, destaca-se a sua frequente
ocorrência sob/sobre afloramentos calcários e, em virtude dessa associação, a
existência de solos rasos, porém com elevada disponibilidade de nutrientes
(SILVA; SCARIOT, 2004). É importante ressaltar que, apesar de rara, as
Florestas Estacionais Deciduais também podem ocorrer
sobre relevo plano,
onde seus solos são mais profundos
(SAMPAIO, 2006). Outros aspectos importantes são a elevada caducifolia
apresentada por seus indivíduos, o que teria originado o seu nome popular de
"mata seca", a grande
amplitude climática ao longo da sua distribuição (SANTOS et al., 2007), a qual
está relacionada ao fato deste tipo fisionômico distribuir-se ao longo dos
biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga (IBGE, 2004), e a sua dissociação de cursos d’água (RIBEIRO; WALTER, 2008).
FLORESTAS ESTACIONAIS VERSUS VEGETAÇÃO
DE TRANSIÇÃO
Em termos fitogeográficos, Melo e Rodal (2003) afirmam
que as florestas estacionais são caracterizadas como uma vegetação de
transição entre a Floresta Atlântica e as caatingas, ocupando uma estreita
faixa entre esses dois Domínios Vegetacionais. No entanto, Oliveira-Filho e
Fontes (2000), estudando
os padrões de distribuição de
espécies arbóreas entre diferentes fisionomias florestais do sudeste e
centro-oeste do Brasil, e Oliveira-Filho et al. (2006), analisando a
similaridade florística entre diversas áreas do leste do Brasil, propuseram que as florestas estacionais deveriam fazer parte do
Domínio da Floresta Atlântica. Particularmente em relação a algumas florestas
estacionais da Bahia, esta posição também foi defendida por Cardoso e
Queiroz (2008). Nestes aspectos, com base no que até agora temos estudado no Piauí, concordamos com aqueles autores, uma
vez que essas "florestas estacionais"
têm muitas proximidades fisiográficas,
isto é, recebem influência direta do "Atlântico". Trata-se neste caso
de Florestas Orográficas, ou Florestas de Barravento/Sotavento, que recebem
mais umidade dos ventos alísios da costa atlântica brasileira. No Estado
do Ceará, as Florestas das Serras de Baturité e da
Meruoca são bons exemplos das Florestas com proximidade, estacionais, mas mais secas
na medida em que tem direção para o sertão
(interior) do Nordeste
do Brasil. No Estado
do Piauí, as Florestas Estacionais localizam-se muito distantes da costa Atlântica brasileira,
tanto pelo lado norte/nordeste, quanto pelo lado leste/nordeste. Localizadas entre os biomas Cerrado e Caatinga, são Florestas de Transição,
Transição legitimamente 'biomial'
(entre biomas). Com uma composição florística misturada, ainda que incluam
espécies exclusivas, tanto
da Amazônia, quanto da Mata Atlântica, provavelmente testemunham
períodos prístinos em que as duas Florestas seriam/foram conectadas, embora tenham idades de origem, ocupação e
domínio diferenciados, relacionados a uma Mata Atlântica bem antiga, desenvolvida após a separação dos continentes da América
do Sul e da África, e a uma Floresta Amazônica muito mais recente.
De acordo com Espírito-Santo
et al. (2008), as Florestais Estacionais Deciduais ocupam 27.367,82 hectares, o
que representa pouco mais de 3% do território nacional. Apesar da reduzida área
de ocorrência, esta fisionomia é considerada portadora de significativa diversidade biológica (FELFILI et al.,
2007) e elevada diversidade de formas de vida (MELO,
2008). Porém, apesar
da sua considerável importância ecológica e diversidade biológica, tanto
florística como faunística, este tipo de vegetação se encontra entre as
fisionomias brasileiras menos conhecidas (GONZAGA et al., 2007). Desta forma,
há uma grande lacuna no conhecimento sobre as relações florísticas entre os
remanescentes de Floresta Decídua e a Caatinga nordestina, principal
representante de Floresta Estacional Decídua na América do Sul (ALMEIDA;
MACHADO, 2007).
Devido à ausência de estudos detalhados, as taxas de desmatamento e o real estado de degradação dos fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual e Decidual, até o momento, não foram precisamente quantificados. Por esta razão, semelhante ao ocorrido na maior parte da vegetação brasileira, grandes porções do patrimônio biológico das Florestas Estacionais Deciduais estão sendo perdidas por meio da ação humana, sem se obter, ao menos, o conhecimento ecológico básico destes ambientes (ESPÍRITO-SANTO et al., 2008).
GLOSSÁRIO
Bioma Grande comunidade de plantas e animais que, equilibrada estável, está adaptada às condições climáticas ou ecológicas de uma determinada região, sendo geralmente definida pelo tipo principal de vegetação.
Litologias Estudo das rochas sedimentares.
Sazonal Que varia conforme as estações do ano.
Pluviosidade Quantidade de chuvas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, AAJF; FARIAS,
RRS; SOUSA, SR; CASTRO, NMCF; BARROS, JS; LOPES, RN. Caracterização florística
e estrutura da comunidade arbórea de um remanescente de floresta estacional,
municípios de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia, Piauí, Brasil. Publ.
avulsas conserv. ecossistemas, Teresina, n. 32, p. 1-82, dez./2014. (Série:
Relatórios). ISSN 1809-0109.
CASTRO, AAJF; FARIAS,
RRS; SOUSA, SR; CASTRO, NMCF; BARROS, JS; LOPES, RN. Caracterização florística
e estrutura da comunidade arbórea de um remanescente de floresta estacional,
municípios de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia, Piauí, Brasil. Publ.
avulsas conserv. ecossistemas, Teresina, n. 32, p. 1-82, dez./2014. (Série:
Relatórios). ISSN 1809-0109.
CASTRO, AAJF; FARIAS, RRS;
SOUSA, SR; CASTRO, NMCF; BARROS, JS; LOPES, RN. Caracterização florística e
estrutura da comunidade arbórea de um remanescente de floresta estacional,
municípios de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia, Piauí, Brasil. Publ.
avulsas conserv. ecossistemas, Teresina, n. 32, p. 1-82, dez./2014. (Série:
Relatórios). ISSN 1809-0109.
É hoje o lançamento do livro da Poetisa e Conterrânea Itanira Soares. As 15hs STAND 94 BIENAL DO LIVRO.