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Neurociência - Suzana Herculano-Houzel
Definir o amor tem sido assunto reservado aos poetas. Mas a neurociência, quem diria, já pode dar os seus pitacos - ao menos para explicar por que amar e ser amado são desejos tão fortes e presentes em nossa espécie. Considerados inviáveis dez anos atrás, dada a subjetividade do assunto, exames do cérebro de voluntários que contemplam imagens da pessoa amada ou a abraçam são hoje em dia bem aceitos pela ciência. Esses estudos mostram de que é feita a experiência do amor pelo cérebro.
A presença do ser amado ativa o sistema de recompensa, trazendo sensações de prazer, felicidade e bem-estar como um todo, que, de quebra, nos ensinam a associar a tais sensações positivas o objeto de nosso amor e nos fazem querer continuar em sua presença e até ansiar por ela.
Essa ânsia é especialmente intensa quando o amor é reforçado por sexo -o bom sexo, voluntário e prazeroso, que, com o orgasmo, leva à liberação de hormônios como a ocitocina, que ativam ainda mais o sistema de recompensa.
Se o amor é correspondido, a presença da pessoa amada é também calmante. Mesmo longe de levar ao orgasmo, um abraço já aumenta a liberação de ocitocina, que, além de estimular o sistema de recompensa, reduz a atividade das estruturas do cérebro responsáveis pelo medo e facilita a aproximação.
Abraços amorosos nos deixam menos temerosos e desconfiados e, por conseguinte, mais confiantes no outro, otimistas e dispostos a abaixar a guarda. Sentir-se amado é um grande ansiolítico.
Quem de fato recebe a atenção e os cuidados do objeto do seu amor não se sente sozinho e tende a ter respostas mais saudáveis ao estresse, inclusive com a produção de quantidades menores do hormônio cortisol -aquele responsável pelos estragos do estresse crônico. Receber um abraço dessa pessoa já basta também para diminuir instantaneamente o nível de cortisol no sangue.
Até o sexo é ansiolítico, por levar, com o orgasmo, à liberação de prolactina -uma grande responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento físico e mental que se seguem.
Dar apoio moral é uma grande demonstração de amor, crucial para manter saudável a resposta ao estresse de quem o recebe. Mas dar carinho a quem se ama é a mais inequívoca demonstração de amor, tão importante que conta com um sistema de nervos específico para detectá-la. Por isso, não basta amar; é preciso fazer o outro se sentir amado.
Um feliz Natal para você, leitor, repleto de abraços das pessoas que você ama!
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SUZANA HERCULANO-HOUZEL, Neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia (www.cerebronosso.bio.br)
suzanahh@folhasp.com.br
Fonte: Folha Equilíbrio
quinta-feira, dezembro 20, 2007
domingo, novembro 04, 2007
Vendendo partes do corpo
FRASES A EVITAR
Por Luiz Carlos Prates (*)
Os jovens que já me ouviram em palestras em escolas devem lembrar que digo a eles em bem voz alta e repetidas vezes que não sejam tolos, que evitem dizer mais tarde, nos adiantados da vida, "ah, como fui burro"; "ah, como me arrependo do que fiz"; "ah, se eu pudesse voltar atrás!"
Essas frases são amargas, são irremediáveis, remetem-nos ao passado. E a única força que o passado pode ter é a de nos fazer recordar as lições por que passamos, as boas e as más. Das boas não precisamos tanto, mas recordar as más experiências pode fazer-nos evitá-las novamente. Para mais nada serve o passado. Aliás, alguém já disse que recordar é viver. Depende. Se a vivência foi má, a recordação faz sofrer outra vez, se foi boa, passou.
Melhor é viver aqui e agora, e deixar da tolice de viver lá e então, sempre no futuro. Eu não viria a este assunto, leitora, não fossem as repetidas tentações por que passamos na vida, as tentações estão em todas as esquinas. E tentações são sempre boas, boas para o momento presente, no futuro elas se tornarão vinagrosas, e de fundos e inúteis lamentos.
Esta conversa se alicerça sobre uma notícia que acabei de ler e que vem de Porto Alegre, ainda que envolva pessoas de todo o Brasil. São pessoas que estão com a corda financeira no pescoço, devendo uma boa vela para o santo...
E essas pessoas, sem ter a quem pedir dinheiro, sem crédito na praça, sem nada, colocam anúncios nos jornais ou na internet oferecendo partes do corpo, como os rins, por exemplo. Os preços vão de R$ 30 mil a R$ 100 mil. Quer dizer, pessoas que sem a intenção nobre da doação estão se oferecendo para a mutilação para pagar dívidas.
Santo Deus, como vão se arrepender no futuro, como vão dizer a si mesmas: "ah, como fui burro, como me arrependo do que fiz!" Será que com R$ 30 mil alguém pode se ajeitar na vida? Nem com 1 milhão se não tiver cabeça. E cabeça é o que mais falta nas pessoas. Desespero leva a desespero maior.
Se você, que Deus a livre, leitora, leitor, estiver numa dessas, com a corda no pescoço, não esqueça: todo problema tem saída. Aliás, já falei disso aqui, citei o filme A Sociedade dos Poetas Mortos, onde o professor ensina os alunos a subir sobre uma mesa imaginária, vão acabar vendo as dificuldades da vida por outro ângulo, esse ângulo é a saída que não fora vista antes. Por nada e por razão alguma se entregue. A única luta que não vale a pena é lutar pelo amor de alguém. Nesse caso, é tolice. Amor se ganha, não se pede ou se luta por ele. No mais, à luta.
(*) Luiz Carlos Prates é psicólogo e escreve no Diário Catarinense.
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