AILCA

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terça-feira, maio 20, 2025

20 FUNERAL DA DOR - Dr. José Maria

 20 05 2025

FUNERAL DA DOR

       À MEMÓRIA DO PADRE ALFREDINHO

Sou o teu filho este pobre escorrido.

Sou o matuto, teu irmão, filho da dor.

Da fome, miséria e do gemido,

De um povo deserdado e sofredor.

Cercas se erguem e, a partilha,

Do abraço, e do pão já são esquecidos.

Da ave noturna, soturna trilha.

Canto de dor, magoado e ferido.

No catre, só, sofre entristecido. 

A terra racha, este assombra.

Mãe mirrada, e o filho falecido.

Acuã, mãe da seca, nas alfombras,

Da mão esquálida, tez ressequida,

Cadáveres e a sua tétrica sombra. 

 

JMB, 2020, CENTENÁRIO DO QUERIDO PADRE ALFREDO KUNZ, O SANTO SUIÇO DE CRATEUS.

segunda-feira, maio 19, 2025

19 As facetas do amor - Paulo Ronalth

 19 05 2025

As Facetas do Amor


O mundo é feito de opostos,

luz e sombra, riso e dor,

na dança eterna dos contrastes,

se equilibra o seu fulgor.

A vida tem três dimensões,

largo espaço, tempo e chão,

mas guarda em si mil direções,

na trama vasta da criação.

Já o amor, mistério puro,

não cabe em formas, nem razão,

é tempestade e céu seguro,

é labirinto e imensidão.

Curvas que fogem ao olhar,

traçam caminhos sem destino,

um sussurro a nos guiar,

em sua órbita sem término.

Espirais que nunca findam,

se enlaçam no próprio ser,

abraço que sempre brinda,

o infinito do querer.

No dual, no tridimensional,

e no amor que é sem fronteira,

o universo se faz total,

na dança eterna e verdadeira.

Ronalth

19 GAZA - Paulo Ronalth

 19 05 2025

Paulo Ronalth

Grave Genocídio de Um Povo 


Na terra de Gaza, onde a vida fenece,

Dois milhões de almas em jejum profundo,

Um espectro de fome que a carne arrefece,

Enquanto o mundo observa, torvo e imundo.


O trigo não chega, o sustento se esvai,

Nos olhos famintos, um pranto silente,

A força se esgota, a esperança não cai,

Mas definha na sombra, dor persistente.


E o mundo, de vergonha a face toldada,

Assiste à agonia, sem voz, sem ação,

A lei humanitária, vilipendiada,


Na areia da praia, manchada de aflição.

Ó, mundo sem alma, que a cena consente,

A história há de cobrar teu silêncio doente.

Ronalth

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Paulo Ronalth

Gaza, Guerra ou Genocídio?


Não há o fragor de exércitos em choque,

Nem a balança equânime da dor.

Só cova rasa, corpo inerte e oco,

De um lado o pranto, do outro o algoz, senhor.


Chamais de guerra o massacre inaudito,

Onde a flor da infância tomba sem lutar.

Carnificina é o termo mais esquisito,

Para o extermínio lento, sem lugar.


Genocídio clama a terra ferida,

Onde a vida se esvai em vão clamor.

Um povo faminto, a esperança perdida,


Sob o olhar inerte de um mundo sem cor.

Profundo é o lamento que a alma sente,

Diante da barbárie tão patente.


Ronalth 

Maio2025

domingo, maio 18, 2025

18 As pessoas têm pressa - Aninha Martins

 18 05 2025


As pessoas têm pressa


O tempo corre  

As coisas voam   

O ser humano precisa correr   Acompanhar o tempo   

Dá conta dos dias   

Suprir os vazios 

As lacunas deixadas  

Pela velocidade de tudo   

E preenchidas rapidamente  Mas em poucos minutos se vão novamente 

O ser humano tem pressa    Precisa engolir o tempo,   

A vida, o universo  

Está em uma festa agora  Eufórico e contente   

E está em um velório 

Horas depois, triste, choroso  

E em segundos, tudo se esquece   

Vinte e quatro horas ou até menos    

É o suficiente 

Essa é a liquidez da vida.


                     Aninha Martins

18 O Medo Borrando as Calças - Paulo Ronalth

 18 05 2025

O Medo Borrando as Calças 


O medo, ácido que mancha a veste,

Calças e alma, em pavor celeste.

"Na prisão, a morte", ecoa o lamento,

De quem no golpe urdiu o tormento.


Zambelli na voz, fragilidade espelha,

Força da mente, míngua, vermelha.

Não soam mártires, na dor que os consome,

Longe da fibra que a história nomeia.


Graciliano na cela, a palavra talha,

Mandela erguido, além da batalha.

Gandhi, a paz que desarma a tirania,

Luther King, o sonho que irradia.


Mujica e Dilma, na dor renascidos,

Lula, na leitura, laços tecidos.

Transformam chumbo em canção de luta,

A sobrevivência, vingança que fruta.


Mas o covarde, em prantos se curva,

Infantiliza a sombra que o turva.

Não busca elos, nem saber profundo,

Só o abismo da cela, seu último mundo.


Jamais heróis, na fuga do medo,

Almas pequenas, em pranto e degredo.

A história aplaude quem na dor se fez forte,

Não quem na prisão pressente a própria morte.


Ronalth 

Maio2025

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"AS"

Não precisa fazer muito esforço para perceber que o poeta entende de Literatura, Política, Filosofia, entre outras. Basta observar os expressivos nomes citados na poesia. De medicina? Redundante falar!

15 PAULO RONALTH - Poema do Desejo

 15 07 2025 Poema do Desejo Paulo Ronalth o desejo é um parafuso solto rodopiando na cabeça entre poder, conforto, amor e imortalidade a men...