AILCA

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terça-feira, março 16, 2010

. Os 10 caminhos para falar bem

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POST LONGO .. em construção

Créditos para a revista Língua Portuguesa

As principais orientações para quem quer melhorar o desempenho de uma apresentação em público

Osório Antonio Cândido da Silva

Ao planejar o que vai dizer, leve em consideração uma lista mental de questões a que sua fala deve responder; as lacunas que cada afirmação pode provocar à medida que enunciada; o tipo de predisposição do auditório às ideias que você defenderá (conceitos partilhados, preconceitos, visão de mundo); as condições e o contexto em que a comunicação ocorrerá.

Saber a idade do grupo, suas convicções políticas, religião, ocupação e algo mais é de vital importância. As pessoas estarão apoiando sua fala ou se posicionarão contra? Será uma plateia mista? Esteja preparado para valorizar a oposição.

A primeira real pergunta a ser respondida quando se prepara uma apresentação, portanto, é se o seu público é favorável a suas ideias. Será ele hostil? Terá ponto de vista oposto?
Explorar fatores como esse é bom ponto de partida para um orador iniciante.
Para os experientes, é um adicional valioso. A persuasão assume formas variadas e conseguir que as pessoas concordem com sua forma de pensar é uma proeza.

Com a plateia a favor
Antes de tudo, considere se sua plateia vê com bons olhos aquilo que você apresenta.
1) Se seu público concorda com seu ponto de vista, concentre-se nele, eliminando, assim, pontos de vista opostos. Vejamos um caso atual muito polêmico: se você batalha pela descriminalização da maconha e pensa que é uma boa causa porque ela poderia ser taxada ou usada em tratamentos médicos, ou não tem efeito suficientemente nocivo para merecer a ilegalidade, isso será, provavelmente, tudo o que você deve dizer.

Se a plateia for previamente favorável à ideia, estará predisposta a ficar a seu favor. O grupo tenderá a comprar não só a ideia principal como outras que façam parte do discurso. Prestará atenção a detalhes e será capaz de lembrar os pontos importantes, porque tudo confirmou suas noções anteriores.

Encare a oposição
Essa é uma boa razão para você lapidar seu discurso e personalizá-lo para uma audiência específica. Faça um esforço adicional e gaste algum tempo para realizar isso.
O ponto chave aqui é: faça sua audiência concordar com a sua apresentação e, se não o conseguir totalmente, seja capaz de vencer resistências da plateia. Numa análise final, talvez você tenha de fazer uma abordagem sob outro ângulo, mais geral. Este será o maior desafio oratório: convencer os que se opõem ao seu ponto de vista.
2) Quando uma audiência se posiciona contrariamente ao ponto de vista do orador, ele deve endereçar sua fala aos argumentos
da oposição.
Se você se preocupar só em defender seus pontos de vista, ignorando os da oposição, tenderá a ver sua audiência desligar-se de sua fala, talvez até considerá-lo um orador sem credibilidade.

Primeiro, porque não o sentirão intelectualmente honesto. Você não está considerando o momento com todas as suas devidas nuanças, os argumentos deles não foram valorizados. Basicamente, você não os levou a sério. Então, o que é preciso fazer e como?

Mecânica oratória
Você deve apresentar seu argumento, destacando seus pontos fortes. A seguir, aponte os argumentos primários dos opositores e, então, vá destruindo um por um. Lance dúvidas e o descrédito sobre eles. Desse modo, você estará dando atenção à oposição e oferecendo algo novo sobre o que pensar.

Todos verão os pontos fracos de suas posições e estarão considerando as informações novas que suportam suas ideias. Você terá plantado a semente da dúvida e atraído muita gente para o seu modo de pensar.

Você pode ser um palestrante excepcional, com voz agradável, boa linguagem corporal, gestos sob medida, ter um material de pesquisa excelente para apoiar seu discurso, um início magistral, uma finalização empolgante, bom humor e uma graça cativante. Mas se desconsiderar os pontos de valor de seus opositores, sua fala pode ser um fiasco.

Plantar a dúvida
Se o orador percebe que a oposição pode ter vários pontos fortes, deve mencionar alguns, não só para mostrar bom senso, mas plantar a dúvida e minar os fundamentos da oposição. Isso vai permitir que pareça educado, justo e equilibrado aos olhos da plateia. Assim, pode-se dizer que o ponto focal para persuadir é fazer as pessoas se sentirem felizes depois de decidirem ver ou fazer o que você sugere, depois de terem concordado com você. E mais, sem ficarem com o sentimento de que "perderam a parada".

Osório Antonio Cândido da Silva é professor especialista em Técnicas de Comunicação e Expressão Verbal há trinta anos e mestrando em Ciências da Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero.
osorioacs@gmail.com

O que falam os especialistas

Falar bem pode ser um tormento, mas o aquecimento da economia parece ter intensificado a necessidade de interação pública. Há, hoje, mais defesas de posição em reuniões de negócio, mais decisões afetadas por discursos na mídia, além de alunos e professores se expondo - em todos os casos, a certeza de que uma má exibição não só irrita a plateia como turva o que se fala.

Por isso, diz Osório Antonio Cândido da Silva, que desde 1980 ministrou cursos a 5 mil alunos, o ensino oratório quer ser total: azeita discurso e presença, o uso de voz e corpo. Para Reinaldo Polito, outro expoente no mercado de soluções em oratória, a maioria "morre de medo" de falar em público.

- São profissionais que já conseguiram posições de destaque, mas ficam humilhados por não conseguirem construir frases inteiras - afirma Polito.

Cursos, então, acabam por acalmar o orador. Reinaldo Passadori, do Instituto Passadori de Educação Corporativa, há 20 anos lida com executivos que "vendem" ideias e são entrevistados. Eles têm de persuadir e influenciar, diz.

Os cursos se segmentaram. Há opção para políticos, mulheres, sindicalistas e jovens. Em cada módulo customizado há as mesmas ideias de desinibição e raciocínios ajustados ao ouvinte. Para construir discursos é preciso saber com quem se lida, diz Osório, convidado da edição para indicar as dez orientações destas páginas. (Colaboraram: Agência Repórter Social e Jezebel Salém).


1. Perder o medo

A. Conheça sua plateia - Reúna o maior volume possível de informação sobre o seu público. Vai falar a especialistas? São neófitos no tema? Influenciam decisões? Prepare-se para falar um pouco a cada um: nem acima nem abaixo da expectativa.

B. Conheça seu assunto - Faça apresentação atualizada. Não corra o risco de o público conhecer o tema mais do que você.

C. Esteja preparado - Não cometa o erro maior (aliás, amador) de não estar preparado.

D. Encare seus ouvintes - Procure o contato visual com a plateia. Ao primeiro aceno positivo que receber, sua autoconfiança aumentará. Considere que as pessoas que se dispuseram a ouvi-lo estão ali para ver o seu sucesso e aprender com você.

E. Fale com entusiasmo - Não imite ninguém. Mas fale de modo entusiasmado, com emoção.

F. O momento mágico - Ofereça ao seu público algo que o surpreenda: o encanto do inesperado.

G. Deixe uma mensagem - Encerre seu discurso com uma mensagem memorável. Procure transformar sua fala em possibilidade de ação.


2. O tom natural da fala

Nem a melhor das técnicas supera a sua naturalidade. Nunca imite quem quer que seja ao falar.

- Não fale rápido demais. Se sua dicção não for boa, ninguém irá entender o que você diz.
- Não fale lentamente e com longas pausas. O tédio pode prevalecer.
- Não fale alto demais. Você se cansará e irritará o ouvinte.
- Não fale baixo demais. As pessoas farão esforço para ouvi-lo e, não conseguindo, dispersarão.
- Procure não cair na monotonia da fala linear, sem ênfase, nem na veemência exagerada.
- Se for virar-se para a tela, fale um pouco mais alto enquanto estiver de costas para o auditório.
- Crie um ambiente agradável de comunicação, alternando a altura e a velocidade da fala.
- Dedique atenção à voz. Trabalhada, transmite segurança e carisma.
- Não imite o sotaque da região em que estiver se apresentando. Nem satirize o de outras regiões. Você não sabe quem estará na plateia.


3. Antes de entrar no assunto

- Só comece a falar quando estiver na frente de todos e sentir que a atenção da plateia está em você.
- Deixe seu nome completo bem visível.
- Desde o início, procure envolver seus ouvintes quanto à utilidade do tema.
- Mostre seus objetivos, dando visão geral do programa.
- Se o auditório for pequeno, faça perguntas e sinta a experiência que o grupo já tem do assunto.
- Se ninguém o fez ao apresentá-lo, declare sua experiência no assunto de que vai tratar.
- Prepare-se para não ultrapassar o tempo definido.
- Jamais declare que não teve tempo de preparar-se.
- Quando sua apresentação fizer parte de algum programa, não ultrapasse o seu tempo; mas, se ocorrer, não deixe de dar explicações ao grupo.


4. O vocabulário adequado

- Muito cuidado com a gramática. Erros atrapalham a apresentação e podem arrasar sua imagem. Dedique cuidado especial à concordância e à conjugação de verbos.
- Desenvolva um vocabulário simples, objetivo e suficiente para representar suas ideias.
- Não dependa de vocabulário pobre. Restrinja as gírias e elimine palavrões.
- Evite termos de sua profissão (ou de sua região) em locais não familiarizados com eles.
- Pronuncie bem as palavras. Não corte s e r finais, nem i intermediários.
- Evite o uso de cacoetes no meio do raciocínio, como "tá ok?", "é assim", "né", "bem", "então", "certo?", "é o seguinte".
- Evite, também, repetir certos termos ou frases ("basicamente", "quer dizer", "efetivamente").
- Não abuse das palavras estrangeiras.
- Evite as expressões "todos compreenderam?", "conseguiram entender?", "alguma dúvida?".
- Prefira algo como "acham que devo repetir?" ou "posso explicar melhor ou não é o caso?"


5. Controle emocional

A. Defina os termos de sua fala. Isso garante que você e seu público estão tratando da mesma coisa.

B. Nunca se diminua diante de seu auditório. Nem se traia: não diga ou dê a entender que se preparou mal, os slides estão desatualizados ou coisa do gênero. A plateia poderá deduzir que não mereceu respeito e empenho de sua parte.

C. Cuidado para não se repetir em demasia.

D. É aceitável consultar anotações em algum momento de "branco". Mas não faça disso um hábito.

E. Nunca chame a atenção para o fato de você estar nervoso.

F. Ao fim, nunca diga que se esqueceu de um tópico. Indica que você não se preparou como devido. Na hora das perguntas, inclua aí o tópico esquecido, mesmo que a relação entre eles seja só ligeira.

G. Em nenhuma hipótese deixe escapar que acha seu tema uma chatice.

H. Um lance pitoresco ou humorado aproxima as pessoas. Se surgir oportunidade, sirva-se disso.

I. Cuidado com piadas que ridicularizam alguém. Podem criar ressentimentos ou constranger.

J. Não peça desculpas por problema físico eventual (gripe, tosse, dor de cabeça).


6. A linguagem do corpo

- Os movimentos corporais e as expressões faciais são recursos que favorecem o entendimento.
- Não fique andando pelo palco enquanto fala, parecendo fera na jaula.
- Não fique parado no canto. Movimente-se; aproxime-se da plateia ao falar intimamente sobre um tópico.
- Procure não pôr as mãos nos bolsos, nas costas ou juntas à frente, em "folha de parreira".
- Gesticule com moderação, coerente com o que é dito em seu discurso. Excesso é prejudicial, mais que a falta.
- Segurar algo (caneta, apontador, papel) serve de "muleta", mas não mantenha as mãos cheias de coisas que não está usando no momento.
- Distribua o peso do corpo entre as pernas; apoiar-se alternadamente numa e noutra torna a postura deselegante; não abra as pernas em demasia, mas o suficiente para manter o equilíbrio.
- Não fique com os ombros caídos. Passa imagem de excesso de humildade ou negligência.
- Procure vestir-se de modo adequado ao auditório e à situação. Escolha uma cor de roupa que reduza a evidência de suor.


7. A direção do rosto

- Não olhe demais para um ouvinte ou grupo de ouvintes. Olhe o grupo, se possível nos olhos.
- Detenha-se mais no contato visual com quem ocupa cargo superior ou irá decidir um negócio.
- Não fique olhando o chão, o teto ou para fora da sala.
- Controle o tempo de sua apresentação, mas não fique olhando repetidamente para o relógio.
- Não aparente arrogância, empinando o queixo e olhando o público "por cima".
- Estabeleça coerência entre seu semblante e o que está sendo dito. Coisas alegres, fisionomia sorridente; coisas tristes, cara fechada.
- Se inevitável ler um discurso, olhe com frequência para a plateia e tenha certeza de que ela está atenta.
- Não abuse da mímica facial nos momentos de humor.


8. O cuidado material

- Se usar software para slides, evite o excesso de sons: desviam a atenção.
- Não resuma a ideia lotando um slide com informação. Distribua-a em vários.
- Revise os slides para eliminar erros (gramática, números, grafia, ordem).
- Não se limite a ler o que está projetado na tela.
- Evite o projetor ligado o tempo todo. Há horas em que não é preciso.
- Jamais chegue com transparências desordenadas. Sinaliza desorganização quem procura "a próxima" numa pilha. Não as mostre velhas ou manchadas.
- Se usa apontador retrátil, não fique naquele abre-fecha interminável, agitando-o. Se for apontador a laser, não movimente o ponto luminoso na tela além do necessário. Nem o dirija à plateia.
- Ao montar o slide, use o fundo que melhor contraste com letras e figuras; faça cópia com fundo branco para ser usada em salas com muita claridade.
- Não se desvie do tema que está projetado.
- Ao apontar o slide em direção à tela, não entre na frente da projeção nem dê as costas ao auditório.


9. O microfone

- Fale, com sua voz habitual, à distância de uns 15 centímetros entre boca e microfone.
- Não dê tapinhas no microfone. Isso irrita o ouvinte e só indica que o aparelho está ligado.
- Ao testar o microfone, diga algo como: "Bom dia, posso ser ouvido com clareza?". Alguns da plateia sempre tentam ajudar.
- Olhe o público e não o microfone, que é um instrumento auxiliar, nunca um obstáculo.
- Considere a possibilidade de o sistema de som assumir comportamento enlouquecido: chiados, guinchos, apitos, distorção da voz, enfim, tudo o que distraia a atenção da audiência. Se é o caso, continue a fala até que alguém conserte o equipamento.
- Se não for possível voltar a usar o microfone, solte mais a voz, mas não berre com a plateia.
- Sem recurso do som e sem ser ouvido pela maioria, melhor parar de falar. Brigar com equipamento ruim é desperdiçar seu tempo. E o dos ouvintes.


10. O encerramento

A. Não fale demais. Diga o que tem a dizer e, em seguida, pare. Antes, porém, dê ao público algo que o faça pensar e encerre sua apresentação com uma mensagem consistente.

B. A última coisa que disser deverá ser a mais lembrada. Pode ser um desafio, uma sugestão de ação ou a solução de um problema. Induza seu público a fazer algo.
C. Se o tema permitir, faça um encerramento bem-humorado: se bem feito, permitirá uma impressão positiva ao final e a sala não ganha aquele silêncio sepulcral enquanto você se senta.

D. Se o tema não é adequado ao encerramento bem-humorado, prepare uma história que mexa com a sensibilidade da plateia ou mostre algum tipo de pensamento ou provérbio que faça o auditório refletir.

E. Na hora das perguntas, nunca inicie uma resposta com: "Isso já falei...", "A resposta é óbvia...", "Imaginei que estivesse claro..." . Nem corte sua fala para atender a outra pergunta.

F. Elogie uma boa pergunta. Ao responder, não olhe só para quem perguntou.
G. Tente captar a intenção e o conteúdo do que lhe é perguntado. Fique atento a termos ou frases que serão a chave da pergunta. A ênfase em certa palavra dá o sentido da indagação.

H. Repita a pergunta para todos escutarem. Ajuda você a ter certeza de que a entendeu.

I. Nunca deixe alguém fazer um discurso a pretexto de elaborar uma pergunta dirigida a você. Se o indagador se estender, interrompa-o, gentil e firmemente, e pergunte qual é a dúvida.

J. Uma pergunta que tem várias partes deve ser dividida e cada parte respondida em separado. Terá mais clareza e melhor aceitação.


O tropeço no idioma

Como os profissionais da oratória lidam com erros de português dos alunos de retórica

Os profissionais da oratória dizem que o uso inadequado da variante da língua à situação e ao contexto da comunicação pode arruinar uma apresentação. Reinaldo Polito, por exemplo, acredita que não adianta ensinar gramática num curso de expressão verbal, mas ele não deixa de corrigir os erros.

- Quando o aluno erra numa apresentação em vídeo, colo um lembrete autocolante em sua ficha. Lacunas de vocabulário são culpadas pelo "ãããã..." e outros vícios - comenta.

O jargão especializado inadequado à plateia, deslizes no uso de palavras difíceis, construções que o palestrante não domina e o excesso de estrangeirismos são problemas que Polito tenta eliminar em seus alunos. Já Reinaldo Passadori admite que os alunos precisam ser alertados, pois não parecem preocupados com a correção do que falam.

- Erros nunca são recomendáveis e só são toleráveis se fizerem parte do contexto pessoal do orador. O ideal é falar de forma simples, para que as pessoas entendam.
Detalhe em voga é o planejamento. A necessidade de planejar e preparar a fala deve nortear não só o conteúdo do discurso, mas a linguagem usada.

- É preciso corporificar a mensagem por meio da gramática, do vocabulário e das metáforas - afirma Passadori. (Agência Repórter Social)

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Você já gozou em uma reunião?*

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Texto e foto: créditos para o blog do Marcio Mussarela (Comunicar é Preciso)

Você já foi chamado para reuniões "importantíssimas" em que percebeu, após o fim da reunião, que tudo poderia ter sido resolvido em um simples e-mail?

Eu também. E com uma frequência que chega a parecer algum tipo de pegadinha dos Deuses corporativos.

Ao telefone o gerente de “gestão humana de gente e pessoas” é categórico comigo:

“-Não dá pra eu te enviar por email. Precisamos alinhar com toda a diretoria. Você tem que estar presente.”

Pronto. Essa é a senha para uma reunião em que o assunto resume-se a uma folha de papel(e que será enviada por email depois)

Ok. Se o que escuto é inevitável, então relaxa e goza*. Aproveito estes momentos em que o que está sendo falado é o menos importante, para ouvir tudo aquilo que não está sendo dito.

Qual a relação hierarquica paralela. Qual diretor tem mais influência no grupo, qual dos assuntos é mais delicado, qual pessoa é mais contemporizadora e qual a mais inflamada, como são as relações entre eles e, talvez o mais importante, o que eles realmente querem comunicar aos seus funcionários.

Torna-se quase um jogo de adivinhação muito divertido, pelo menos para mim, em que percebo as nuances e dinâmicas que se estabelecem naquele determinado grupo e, desta forma, entendo suas necessidades.

Coleto as informações invisíveis, acrescento as informações faladas, ponho uma pitada de meu julgamento (falho e superficial), mas sem exagero pois pode desandar a receita e ai sim alinho tudo o que vou falar e como vou interagir com aquele grupo dias depois. Coisas que um simples e-mail nunca me daria.

Princípio básico nº 86: Na comunicação sustentável mais importante do que ouvir o que é falado é escutar aquilo que não está sendo dito.

Subdica 34-B: as pessoas querem, precisam e preferem ser ouvidas. (tá me ouvindo?)

Conecte-se!

Bjs, abs e piparotes!

*Antes que qualquer patrulha dos bons costumes tire suas bandeiras empoeiradas do armário para armar uma luta contra o uso do verbo “gozar”. Preciso definir que, neste caso, ela está no sentido de desfrutar, fruir, aproveitar (Houaiss) e não no orgástico, ok?

Se assim fosse, isso tornaria a obtenção de uma sala de reunião algo praticamente impossível. Estariam todas ocupadas permanentemente.

domingo, março 14, 2010

Esses adoráveis malucos nos convenceram enfim, de que falar em público não é tão difícil assim.



Por Lício Estrela (foto - caracterizada)

Meu tio, Airton, sempre me deu aquela força para eu chegar lá na frente do público e falar o que eu tinha para dizer de forma engraçada, mas também na forma que se transmitisse bem a mensagem.

Lembro que ele me levava em aulas que ele dava - juntamente com o prof. Augusto Cruz e, muito pequenino, eu declamava poesias escritas por ele ou dedicadas a ele.

Agora, fica aí a minha homenagem ao meu tio, que é poeta e “que todos nós sabemos bem”...


"Dança, Lício, dança Lício".. um vídeo caseiro - e Lício, na espontaneidade de seus 4 anos - não só dançava, mas cantava e recitava poesias e longas como esta que se segue. Nessa época me acompanhava nos cursos de oratória que ministrava - por aí mundão afora - em parceria com o prof. Augusto Cruz. Redundante dizer: essa criança era a atração principal do curso.

Hoje, me sinto feliz e recompensado ao ver no orkut (foto-teatro), singela manifestação de carinho e reconhecimento e por saber que vou deixar um seguidor.. .e na família.

Aproveito o ensejo, Lício, e transcrevo o texto que você declamava muito bem aos 4 anos.

Que tal treinar e declamá-lo aí em Portugal....?

Grande abraço, do seu tio

Airton Soares

- - - - - -

O Airton é que é o poeta

todos nós sabemos bem,

mas - como sou eu que vou fazer o discurso -

vou dá uma de poeta também.


Ao acordar-me hoje cedo

de súbito me veio um medo

quase não quis levantar

o problema é que eu sabia

que naquele bendito dia

eu é que ia falar...


Mas falar o que, meu Deus?

Valhei-me Nossa Senhora!

clamei por todos os santos,

mas eu tinha que falar era agora.


Me aprontei e fui pra parada ( ponto de ônibus)

nem tomei café direito..

no caminho pensei a respeito...

quer saber de uma coisa: VOU NADA!


Mas fugir não tinha jeito

de novo pensando a respeito:

rapaz! Tu vai, mas ensaia

o máximo que pode acontecer

é tu levar uma vaia.


Aí, eu tomei o ônibus, o motorista disse:

Bom diiiiia!

Pra mim ele fazia era mangar

parece que até sabia que eu me lascar...


Corri pra empresa

me sentei na mesa...

... já estava sem fala


Ai eu tinha um problema

falar a todos sem tremedeira

podia até ser bestêra... pensei?!

...vou fazer um poema...


Meu amigo, vou te contar

olha só esse dilema...

O caba não tinha nem o que pensar

...queria fazer um poema.


O que eu queria mesmo era impressionar!

SÓ ISSO!

Mas o tema não consegui

já serve o que escrevi

só uma estrofe vou declamar...


“Vozes veladas, veludosas vozes,

volúpias dos violões, vozes veladas,

vagam nos velhos vórtices velozes

dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e Souza)


Calma, ainda num acabei não

mais um pouco de atenção

vou terminar o discurso

falando um pouco do curso.


Meu Deus que diabo é isso

no começo eu pensava sentado

esse Airton parece que é doido

e esse Augusto Ô bicho abestado!


Fui mudando de ideia

aquele jeito de falar

o modo de gesticular

encantaria a plateia


Esses adoráveis malucos

nos convenceram enfim

de que falar em público

não é tão difícil assim.


Agora, sim é o final

e agradeço em nome do todo

ao Augusto que é um cara legal

e ao Airton que não é doido

com uma frase final:


De poeta e de louco

todos nós temos um pouco.

Fortaleza, 1985


Texto: Vladimir da Vicunha

Leitura teatralizada por Lício Estrela aos 4 anos

Direção: Airton Soares (seu tio)

Ano: 1988..89?!

Fortaleza – Ceará – Brasil

Brevemente no youtube...


quarta-feira, março 10, 2010

dê uma es..PIADA

RIR É O MELHOR REMÉDIO
"De acordo com a maior parte dos estudos, o temor nº 1 das pessoas é falar em público", diz o cômico Jerry Seinfeld.

"O nº 2 é a morte. Assim, para a pessoa normal, se você vai a um enterro, é melhor estar no caixão do que fazendo o elogio fúnebre."fonte: Seleções do Reader's Digest, jan/2000. p.52

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Assisto fervorosamente o BBB. Mais que assisto, estudo. Mais que estudo, me fascino.


"Além da clara questão de observar a vida alheia no conforto do sofá da minha casa, tenho o BBB como um verdadeiro laboratório de pesquisas em comunicação. Adoro ver as interações, os grupos se formando, transformando e reformando ao sabor dos ventos (ou ventanias).


A coisa que mais me chama a atenção é o julgamento que cada um faz das situações e pessoas. Normalmente são equivocados, incompletos ou tendenciosos. O número de votos que um levou, a razão que outro teve para votar em X, o significado do silêncio diante de uma observação provocativa, o olhar fulminante de Y, a falsidade de Z, a verdade de fulano,eticetera e tals. O grande lance é"... Saiba mais no blog do comunicador Marcio Mussarela

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Curso de Oratória

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COMO FALAR EM PÚBLICO: A Oratória Moderna, já foi ministrado para mais de 200 turmas no Ceará e em outros Estados da Federação. Ele comporta, no máximo, 30 participantes por turma. Cerca de 80% da carga horária, é dedicada à prática, em cada aula.

Objetivo:

Contribuir para elevar o nível da comunicação empresarial e o desenvolvimento pessoal, como também enfrentar a timidez e superar os obstáculos à boa comunicação, preparar e realizar apresentações em público utilizando técnicas eficazes.

Carga horária: 15h

O programa do curso consta de:

· apresentação;

· conceito de comunicação;

· obstáculos à comunicação;

· perfil do orador;

· defeitos do orador;

· uso correto do microfone;

· deu o branco... e aí? - o que fazer quando dá o “branco”;

· as inibições nas comunicações verbais – timidez;

· fundamentos da arte de bem comunicar;,

· falar de improviso;

· estrutura do discurso;

· exercícios práticos, como: preparação do tema;

· apresentação de cada participante;

· feedback dos instrutores e participantes.

Facilitador:

Airton Soares || airton.soares.as@gmail.com há mais 20 (vinte) anos, ministra cursos e palestras nas áreas de Recursos Humanos, Comercial e Administrativa usando como metodologia o Teatro Empresarial. Ele trabalhou no Grupo M. Dias Branco, Banco do Estado do Ceará e Organização Educacional Farias Brito. É formado em Letras e se especializou em Literatura Brasileira. Cursou Economia, Filosofia e Psicologia. Tem curso de formação na metodologia CEFE – Criação de Empresas-Formação de Empresários. É professor - palestrante do curso de pós-graduação de Gestão Empresarial da UNIFOR. Entre seus clientes-parceiros estão: FÁCIL Consultoria, SERH Consultoria, FASTJOB, CDL, FCDL, SEBRAE, CETREDE, SESC, BNB, entre outros.

Airton Soares é autor do livro O Mundo Fora de EsquadroLink



quarta-feira, dezembro 16, 2009

Etimologia de CARISMA e GRAÇA

NOTO e ANOTO
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etimologia
CARISMA - GRAÇA

Por Airton Soares

HOJE FALO DA ORIGEM DO MEU NOME
Amanheci com a veia narcisística dilatada. Aliás, nem precisa do `dilatada´. Pela simples presença do adjetivo, já se pressupõe que a veia é dilatada. - E por que disse...?

AIRTON
Nome literário, sem significado claro, indica uma pessoa que aproveita intensamente cada momento da vida, mas sem se descuidar do futuro. Persegue com toda garra seus ideais e vive com verdadeira paixão cada uma das vitórias que alcança.

QUAL É MESMO A SUA GRAÇA?
Quando estive em Ipu ( janeiro do ano passado) ouvi - não amiúde como antigamente - essa abordagem que não tarda a “sumir do mapa,” o que é lastimável.

AO NASCERMOS
nos tornamos cristãos pela Graça de Deus. Isso é dito numa pia batismal. Daí a origem da expressão: qual é a sua graça. Li, há muito tempo, não sei por onde.

LI POR AI
“Quando você vai nos dar o ar da sua graça? É o mesmo que dizer: “Quando poderemos contar com a sua presença?” Presença é o mesmo que graça. Graça é o mesmo que carisma.

OUTRA EXPRESSÃO POPULAR INTERESSANTE É: “Qual é mesmo a sua graça?” Que significa dizer: “Qual é mesmo o seu nome?” Graça é nome. Nome na cultura bíblica é o mesmo que identidade íntima... o mais verdadeiro de mim mesmo.

PORTANTO A CULTURA POPULAR acerta em gênero, número e caso, quando utiliza o termo graça, derivado de carisma para expressar a identidade pessoal: “Qual é mesmo o seu carisma, sua identidade, seu nome?”

segunda-feira, julho 21, 2008

PAÍS ENVELHECE

País envelhece com mais rapidez do que se previa
Taxa de natalidade atingiu 1,8 filho por mulher em 2006, nível esperado para 2043

Com cada vez mais velhos e menos crianças, políticas públicas terão que ser revistas para se adaptar à realidade da população

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO - Jornal Folha de São Paulo, 21/07/2008


O envelhecimento populacional brasileiro chegará antes do que se estimava. A divulgação, no início deste mês, da PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde) mostrou que o país chegou, em 2006, a uma taxa de fecundidade de 1,8 filho por mulher. O IBGE, em sua estimativa oficial, feita em 2004, previa que esse patamar só seria atingido em 2043.


Nem mesmo projeções da ONU menos conservadoras indicavam uma taxa abaixo de 2,0 antes de 2010. Diante dessa e de outras pesquisas que registraram fecundidade menor, o IBGE revisará suas estimativas.

Mais do que uma simples revisão de um cálculo estatístico, a constatação de que o Brasil terá cada vez mais idosos e menos crianças antes do previsto tem impacto em cálculos de aposentadoria e traz desafios para políticas públicas, que terão que se adaptar a uma estrutura populacional envelhecida.

A demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e coordenadora da PNDS, lembra que as Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, feitas anualmente pelo IBGE) já indicavam que a fecundidade caía num ritmo mais acelerado do que o estimado pelo instituto.

Em 2004, a taxa chegou ao nível de 2,1 filhos por mulher, patamar que indica tendência de reposição populacional e que, pelas estimativas do IBGE, só seria atingido em 2014.
"O movimento de transição da fecundidade se iniciou há 40 anos e os dados recentes são coerentes com a série histórica. Não sei por que o IBGE continuou trabalhando com essa estimativa [de queda menor]. Não faço projeções, mas, a julgar por essa tendência, acho que a fecundidade continuará caindo", diz Berquó.


Fernando Albuquerque, que participou da elaboração das estimativas do IBGE, diz que o instituto projetou queda menor porque o Censo de 2000 e a Pnad de 2001 não sugeriam queda acentuada. "As Pnads de 2002 a 2006, no entanto, registraram um declínio mais rápido. Por isso, já estamos revendo a projeção para incorporar os resultados recentes."
O demógrafo José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, diz que a queda mais rápida da fecundidade indica que a população começará a diminuir antes. Pela estimativa do IBGE, isso aconteceria somente a partir de 2062. A projeção da ONU com taxas mais próximas das verificadas recentemente, no entanto, aponta que isso deve acontecer já na década de 2030.


O envelhecimento mais rápido que o estimado traz desafios ao país. Um deles é aumentar os investimentos em saúde para atender melhor aos idosos.

Previdência


Outro diz respeito ao equilíbrio das contas da Previdência. Anualmente, quando o IBGE divulga aumento da expectativa de vida, isso altera o fator previdenciário, índice que acaba aumentando o tempo que o trabalhador precisa contribuir com o INSS para se aposentar com o mesmo benefício.


Carlos Guerra, vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada, diz que os impactos também serão sentidos no setor particular, que poderá absorver mais insatisfeitos com os resultados da Previdência oficial, mas que, igualmente, precisará se adaptar.


"O equilíbrio ideal é ter cinco contribuintes para cada inativo, mas já estamos nos aproximando da situação de um para um", diz Guerra. Segundo ele, planos que garantem renda vitalícia mensal perderão espaço para outros com opção de fazer um resgate maior do benefício.

Apesar dos desafios que a queda mais intensa da fecundidade trará, Eustáquio Alves alerta que não se deve trocar o mito da "explosão populacional" pelo da "implosão populacional". "Não há por que ficar apavorado com a redução da população. Ela pode ser boa ou ruim dependendo de como a sociedade e as políticas públicas respondem a isso."

quinta-feira, junho 05, 2008

Por que jogamos na loteria?

Hoje na Folha de S.Pauloequilíbrio


Matemáticos e economistas adoram fazer tabelas com as chances de investimentos darem certo ou errado e dizem que devemos usá-las para tomarmos decisões racionalmente. Faz sentido, é claro. Só não funciona na prática -porque o ser humano teima (felizmente!) em não se guiar apenas pela razão.

Por exemplo: diz a matemática financeira que devemos sempre aceitar qualquer divisão, de prêmios ou balas, que nos for ofertada. Mesmo as injustas: afinal, qualquer coisa no bolso é melhor do que um bolso vazio. No entanto, ofertas injustas despertam protestos do córtex da ínsula, aquela parte do cérebro que sinaliza desgosto e repulsa. Se a ínsula fala alto o suficiente, seus protestos ganham das tendências racionais -e acabamos por recusar uma oferta que, racionalmente, deveríamos ter aceito.

Loterias são exemplos divertidos do oposto: situações em que a razão manda não fazer investimento algum, pois a chance de retorno é ínfima. A própria Caixa deixa bem claro em seu site: a chance de um apostador da Mega-Sena jogar em seis números e acertar todos os seis em um concurso qualquer é de 1 em 50 milhões.

Dito de outra forma, quem faz um jogo tem 49.999.999 chances em 50 milhões de apenas ficar R$ 1,50 mais pobre. O córtex pré-frontal toma nota e vota -racionalmente- por guardar o R$ 1,50 no bolso. Mas outra parte do cérebro pensa em outra coisa: quão bom seria ganhar o prêmio? Por mais que seja improvável, o evento de um prêmio de vários milhões de reais certamente seria razão de grande euforia e de muitas coisas desejáveis -casa própria, carro, segurança. O sistema de recompensa, que sinaliza para o restante do cérebro o que tem chances de dar bons resultados, também toma nota e dá seu voto.

Quem toma a decisão, no final das contas, parece ser uma região no centro do córtex pré-frontal, que pesa os possíveis custos (quanto a ínsula se importa de perder R$ 1,50) e benefícios (quanto o sistema de recompensa gostaria do prêmio). Pelo jeito, essa parte do cérebro de cerca de 2 milhões de brasileiros entende a cada concurso que R$ 1,50 é um custo baixo para concorrer à chance, mínima, mas real, de ganhar uma bolada.
Se fôssemos puramente racionais, nunca apostaríamos na Mega-Sena -e, como o prêmio vem da arrecadação com as apostas, não haveria prêmios milionários a dividir entre improváveis ganhadores. Afinal, certo mesmo é o seguinte: quem não joga na loteria tem 100% de chances de não ganhar!



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SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de Bem com o Seu Cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia
www.cerebronosso.bio.br
suzanahh@folhasp.com.br


"Se fôssemos puramente racionais, nunca apostaríamos na Mega-Sena"

domingo, janeiro 13, 2008

É bom ser infeliz


Por Luiz Carlos Prates

Tenho falado inúmeras vezes aqui sobre felicidade, mas não tenho falado de infelicidade. Não me tenho envolvido com tanta freqüência com essa irmã gêmea da deusa felicidade. A infelicidade é feiosa, mas não deixa de ser irmã da bonitona, o que as separa pode ser apenas o nosso humor do dia...

Digo isso, leitora, pensando em duas coisas. A primeira é a fila que vi nos jornais de pessoas lutando para pegar uma caixinha de antidepressivos. Um horror. Um horror ainda que eu tenha certeza pétrea de que a maioria daquelas pessoas não sofre de depressão, sofre de infelicidade, de uma infelicidade gerada por questões reais ou imaginárias.

Não quero ser cruel e dizer que, mais das vezes, imaginárias. E a segunda questão, dentro do mesmo assunto, vem de uma frase que li ontem em um livro do indiano Osho.

Osho parecia maluco, dizia coisas estonteantes, mas ah, se não fossem os loucos na vida, ficaríamos vazios de soberanas verdades. Não tenho tempo de me alongar, vou ao que disse o Osho. Ele disse que quem é infeliz não sofre de solidão, tem sempre por perto multidões dispostas a conversar, a ajudar, a emprestar mão amiga e solidária. Acrescento: nada como ser infeliz para ser amado, apreciado, alisado.

Mas tente ser feliz e deixar isso transparecer diante dos "amigos", tente. A felicidade provoca nos outros iras profundas. Nada nos incomoda mais que a felicidade alheia, que se danem os felizes, que tropecem numa pedra, pensamos no silêncio da inveja. Mas não pensamos assim de modo consciente, pensamos assim nos porões escuros do subconsciente. A culpa não é minha, é de Freud que puxou as cortinas desses porões.

E tem mais e pior. Muitos buscam na infelicidade a imagem da sofredora, da vítima, da pessoa que precisa de cuidados especiais. A "doença" traz então essa vantagem: nos faz "queridos", simpáticos. Inconscientemente muitos de nós queremos adoecer, estar deprimidos diante dos outros; disso resulta o que Freud chamou de "vantagens secundárias da doença". Sábio, Freud. Queres ficar só, leitora? Diga aos amigos que você é muito feliz, que está muito feliz, diga que o seu casamento é santo. Você vai ser odiada. Diga que é um pobre sofredor e viverá rodeado de simpatias...

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Extraído do jornal Diário Cararinense - 13/01/08

Edgar Morin - O futuro da poesia


Texto adaptado por Airton Soares

Ensaiarei sustentar a seguinte tese: o futuro da poesia reside em sua própria fonte. Mas que fonte é essa?

É difícil perceber. Ela se perde nas profundezas humanas tanto quanto nas profundezas da pré-história, onde surgiu a linguagem, nas profundezas dessa embalagem estranha que é o cérebro e o espírito humano. Gostaria de adiantar algumas idéias preliminares para falar de poesia.

Inicialmente, é preciso reconhecer que, qualquer que seja a cultura, o ser humano produz duas linguagens a partir de sua língua:
racional,empírica,prática, técnica; simbólica, mítica, mágica.

A primeira tende a precisar, denotar, definir, apóia-se sobre a lógica e ensaia objetivar o que ela mesma expressa.

A segunda utiliza mais a conotação, a analogia, a metáfora, ou seja, esse halo de significações que circunda cada palavra, cada enunciado e que ensaia traduzir a verdade da subjetividade.

Essas duas linguagens podem ser:


  1. justapostas ou misturadas,
  2. podem ser separadas, opostas,
e a cada uma delas correspondem dois estados: O primeiro, também chamado de prosaico, no qual nos esforçamos por perceber, raciocinar, e que é o estado que cobre uma grande parte de nossa vida cotidiana.O segundo estado, que se pode justamente chamar de "estado segundo", é o estado poético.

O estado poético pode ser produzido pela dança, pelo canto, pelo culto, pelas cerimônias e, evidentemente, pelo poema. Fernando Pessoa dizia que, em cada um de nós, há dois seres.

O primeiro, o verdadeiro, é o dos nossos sonhos, que nasce na infância e que continua pela vida toda.

O segundo ser, o falso, é o das aparências, de nossos discursos, atos, gestos. Não diria que um é verdadeiro e o outro, falso, mas, efetivamente, a cada um desses dois estados correspondem dois seres em nós.

A esse estado segundo corresponde o que o adolescente
Rimbaud percebeu muito claramente, principalmente em sua famosa Carta do vidente. Esse estado não é um estado de visão, mas um estado de vidência.

Poesia-prosa constituem, portanto, o tecido de nossa vida.

Hölderlin afirmava: "O homem habita a terra poeticamente."

Acredito ser necessário dizer que o homem a habita, simultaneamente, poética e prosaicamente. Se não houvesse prosa, não haveria poesia, do mesmo modo que a poesia só poderia evidenciar-se em relação ao prosaísmo. Em nossas vidas, convivemos com essa dupla existência, essa dupla polaridade.

Nas sociedades arcaicas, injustamente chamadas de primitivas, que povoaram a terra e formaram a humanidade, e que estão sendo massacradas na Amazônia e em outras regiões, havia uma relação estreita entre esses dois estados, que se encontravam entrelaçados.

Na vida cotidiana, o trabalho era acompanhado por cantos e ritmos, e enquanto preparava-se a farinha nos pilões, cantava-se ou utilizava-se esses mesmos ritmos.

Tomemos como exemplo a preparação da caça, testemunhada pelas pinturas pré-históricas, principalmente as da gruta de Lascaux, na França.

Essas pinturas indicam que os caçadores realizavam ritos de encantamento sobre a caça, pintados depois na rocha. Mas não se satisfaziam apenas com eles: utilizavam flechas reais, estratégias empíricas, ou misturando as duas. Em nossas sociedades contemporâneas ocidentais operou-se uma disjunção entre os estados da prosa e da poesia.

1 notAS: Antes da revolução industrial a criança se vestia igual aos pais. Todos trabalham e brincavam juntos. Não havia diferença nítida (rígida) entre o trabalhar e brincar. O fazer era um só, composto de fazer-de-conta e fazer fazer. (nota ainda em rascunho)

Houve duas rupturas. A primeira ocorreu a partir da Renascença, quando se desenvolveu uma poesia cada vez mais profana. Ocorreu, igualmente, a partir do século XVII, uma outra dissociação entre uma cultura dita cientifica e técnica e uma cultura humanista, literária, incluindo a poesia.

Foi a partir dessas duas dissociações que a poesia autonomizou-se e tornou-se estritamente poesia. Separou-se da ciência, da técnica e, evidentemente, separou-se da prosa.

Separou-se dos mitos e, com isso, quero dizer que ela não é mais mito, embora sempre se nutra de sua fonte, que é o pensamento simbólico, mitológico, mágico. Em nossa cultura ocidental, tanto a poesia quanto a cultura humanista foram relegadas. Relegadas no lazer e no divertimento, relegadas por
adolescentes e por mulheres, transformaram-se, de algum modo, num elemento inferiorizado em relação à prosa da vida.

Houve duas revoltas históricas da poesia. A primeira foi a do romantismo, principalmente o de origem alemã. Representou a revolta contra a invasão da prosaidade, do mundo utilitário, do mundo burguês, que se desenvolveu no início do século XIX.

A segunda revolta foi a do surrealismo, cuja ocorrência pode ser situada no início do século XX. O surrealismo representou a recusa da poesia em se deixar reduzir ao poema, quer dizer, a uma pura e simples expressão literária. Não se trata de uma negação ao poema, porque Breton, seguido por Péret, Eluard e outros, fizeram poemas admiráveis; mas a idéia surrealista é a de que a poesia extrai sua fonte da vida, com seus sonhos e acasos. Todos sabemos a importância que os surrealistas atribuíam ao acaso. O que ocorreu, então, foi uma desprosaização da vida cotidiana, que começou com Arthur Rimbaud, quando este se maravilhou com as tendas militares estrangeiras e com o latim das igrejas.

Os surrealistas dignificaram o cinema e foram os primeiros a admirar Charlie Chaplin. Em resumo, a primeira mensagem surrealista foi desprosaizar a vida cotidiana, reintroduzir a poesia na vida. Havia também uma revolta com aspirações revolucionárias, não apenas contra o mundo prosaizado, mas contra os horrores produzidos pela Primeira Guerra Mundial. Breton pretendeu associar a fórmula política revolucionária "mudar o mundo" à fórmula poética surrealista "mudar a vida". Mas essa aventura acarretou muitos equívocos, inclusive a autodestruição dos poetas, quando os mesmos pretenderam subordinar a poesia a um partido político.

E aqui se encontra um dos paradoxos da poesia. O poeta não precisa se fechar no território restrito e confinado dos jogos de palavras e símbolos. O poeta possui uma competência total, multidimensional, que concerne à humanidade e à política, mas não pode se deixar submeter à organização política. Sua mensagem política implica ultrapassar o político. Localizamos, portanto, duas revoltas de poesia. E agora, qual é sua situação neste fim de século e de milênio?

Inicialmente, podemos nos referir a uma grande expansão da hiperprosa, que se articula à expansão de um modo de vida monetarizado, cronometrado, parcelarizado, compartimentado, atomizado e de um modo de pensamento no qual os especialistas consideraram-se competentes para todos os problemas, igualmente ligados à expansão econômico-tecnoburocrática. Diante dessas condições, penso que esta invasão da hiperprosa cria a necessidade de uma
hiperpoesia.

Há outro fato que marca este final de século: a destruição, ou melhor, a autodestruição da idéia de salvação terrestre. Acreditou-se que o progresso estava automaticamente garantido pela evolução histórica. Acreditou-se que a ciência seria sempre progressiva, que a indústria sempre traria benefícios, que a técnica só traria melhorias. Acreditou-se que as leis históricas garantiriam o desenvolvimento da humanidade e, tomando por base esse argumento, acreditou-se ser possível atingir a salvação na terra, ou seja, o reino da felicidade que as religiões prometiam no céu.

O que se constata hoje é o abandono da idéia de uma salvação na terra, o que não significa ser necessário renunciar à idéia de aperfeiçoar as relações humanas e civilizar a humanidade. O abandono da idéia de salvação encontra-se ligado à compreensão de que não existem leis históricas, que o progresso não é automático e nem se encontra garantido. O progresso deve não apenas ser conquistado, mas, uma vez conquistado, pode regredir, tornando-se sempre necessário regenerá-lo.


Hoje, como afirma o filósofo tcheco Patocka,
"o futuro encontra-se problematizado e ficará assim para sempre".


Situamo-nos nesta aventura incerta e, a cada dia, os acontecimentos que se produzem no mundo indicam que nos encontramos na noite e na neblina. E por que é assim? Porque ingressamos plenamente na era planetária, uma era na qual ações múltiplas e incessantes encontram-se em todas as partes da Terra, e no que concerne aos poços de petróleo do Iraque e do Kuwait diz respeito à humanidade como um todo. Ao mesmo tempo, devemos compreender que nos encontramos nesse pequeno planeta, nessa casa comum, perdidos no cosmos, e que nossa missão deve ser efetivamente a de civilizar as relações humanas sobre o nosso planeta.

As religiões e política salvacionistas reiteram: sejamos irmãos, porque seremos salvos. Acredito que hoje seja necessário dizer:
sejamos irmãos porque estamos perdidos num planeta suburbano, de um sol suburbano, de uma galáxia periférica, de um mundo desprovido de centro. Mesmo assim, possuímos plantas, pássaros, flores, assim como a diversidade de vida, as possibilidades do espírito humano. Doravante, aqui residirão nosso único fundamento e nosso único recurso possível.

A descoberta de nossa situação de perdição num gigantesco cosmos adveio das descobertas da astrofísica.Isto significa que, atualmente, é possível um diálogo entre ciência e poesia,* e isso porque a ciência nos revela um universo fabulosamente poético ao redescobrir problemas filosóficos capitais: "O que é o homem?" "Qual é o seu lugar?" "Qual é o seu destino?" "O que se pode esperar dele?" Com efeito, o antigo universo de ciência era uma máquina perfeita, inteiramente determinista, animado por um movimento perpétuo, um relógio permanente no qual nada ocorria, nada era criado, nada se alterava. Esta máquina, lamentavelmente pobre em sua perfeição, desintegrou-se. E o que vemos agora? Sabemos que o universo nasceu, talvez,15 bilhões de anos, de uma fantástica explosão, de onde bruscamente brotaram o tempo, a luz, a matéria, como se esse início fosse uma espécie de explosão desorganizadora a partir da qual o universo organizou-se. Encontramo-nos numa incrível aventura. A vida nos parecia banal, evidente, mas descobrimos que uma bactéria, com seus milhões de moléculas, é mais complexa do que todas as usinas do
Ruhr reunidas.

* 2 notAS: Isto me fez lembrar o brasileiro Marcelo Gleiser. Ele é professor de Física do Dartmouth College, nos EUA, onde ministra a disciplina Física para poetas, um sucesso entre estudantes de várias áreas. Saiba +

Demonos conta de que o real, que parecia tão sólido e evidente, dissipou-se sob o olhar da microfísica, e que, do ponto de vista do cosmos, o tempo e o espaço, que pareciam tão distintos, se misturaram. Muitos astrofísicos pressentem que esse mundo de separação do espaço e do tempo é como uma espuma constituída por algo diferente em que as separações do espaço e do tempo não existem mais.

Onde se encontra a poesia hoje? Na poesia e em outros domínios adquirimos a idéia de que não existe vanguarda, no sentido de que a vanguarda traz algo melhor do que aquilo que havia antes. Talvez a idéia pós-moderna consista em afirmar que o novo não é necessariamente o melhor.



Fabricar o novo pelo novo é estéril.

O problema não reside na produção sistemática e forçada do novo. A verdadeira novidade nasce sempre de uma volta às origens.



Por que Jean Jacques Rousseau é tão prodigiosamente novo? Porque pretendeu debruçar-se sobre a fonte da humanidade, a origem da propriedade e da civilização e, no fundo, toda novidade deve passar pelo recurso e pelo retorno ao antigo.
3 notAS Citar Machado de Assis. "Nem tudo tinha os antigos

Pode ser que essa idéia seja pós-moderna, ou mesmo pós-pós-moderna, mas tudo isso é secundário. O objetivo que permanece fundamental na poesia é o de nos colocar num estado segundo, ou, mais precisamente, fazer com que esse estado segundo converta-se num estado primeiro. O fim da poesia é o de nos colocar em estado poético.

Fragmento extraído de:
"Amor Poesia Sabedoria", Edgar Morin, Bertrand do Brasil, 2003.

Tags: filosofia
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Via: http://claudioalex.multiply.com/reviews/item/471

Edgar Morin - biografia

Edgar Morin, nasceu em Paris em 8 de julho de
1921, um sociólogo e filósofo francês.

Formado em Direito, História e Geografia se adentrou na Filosofia, na
Sociologia e na Epistemologia.

Um dos principais pensadores sobre complexidade. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método, Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.


Outra obra de destaque - especialmente de cunho acadêmico pedagógico - é o livro "A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento."

Dentre outros questionamentos formulados pelo autor no livro, Morin afirma que, diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas hoje enfrentam, apenas estudos de caráter inter-poli-trandisciplinar poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades:

"Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.” MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 116.
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Saiba + http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_morin

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