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domingo, março 14, 2010

Esses adoráveis malucos nos convenceram enfim, de que falar em público não é tão difícil assim.



Por Lício Estrela (foto - caracterizada)

Meu tio, Airton, sempre me deu aquela força para eu chegar lá na frente do público e falar o que eu tinha para dizer de forma engraçada, mas também na forma que se transmitisse bem a mensagem.

Lembro que ele me levava em aulas que ele dava - juntamente com o prof. Augusto Cruz e, muito pequenino, eu declamava poesias escritas por ele ou dedicadas a ele.

Agora, fica aí a minha homenagem ao meu tio, que é poeta e “que todos nós sabemos bem”...


"Dança, Lício, dança Lício".. um vídeo caseiro - e Lício, na espontaneidade de seus 4 anos - não só dançava, mas cantava e recitava poesias e longas como esta que se segue. Nessa época me acompanhava nos cursos de oratória que ministrava - por aí mundão afora - em parceria com o prof. Augusto Cruz. Redundante dizer: essa criança era a atração principal do curso.

Hoje, me sinto feliz e recompensado ao ver no orkut (foto-teatro), singela manifestação de carinho e reconhecimento e por saber que vou deixar um seguidor.. .e na família.

Aproveito o ensejo, Lício, e transcrevo o texto que você declamava muito bem aos 4 anos.

Que tal treinar e declamá-lo aí em Portugal....?

Grande abraço, do seu tio

Airton Soares

- - - - - -

O Airton é que é o poeta

todos nós sabemos bem,

mas - como sou eu que vou fazer o discurso -

vou dá uma de poeta também.


Ao acordar-me hoje cedo

de súbito me veio um medo

quase não quis levantar

o problema é que eu sabia

que naquele bendito dia

eu é que ia falar...


Mas falar o que, meu Deus?

Valhei-me Nossa Senhora!

clamei por todos os santos,

mas eu tinha que falar era agora.


Me aprontei e fui pra parada ( ponto de ônibus)

nem tomei café direito..

no caminho pensei a respeito...

quer saber de uma coisa: VOU NADA!


Mas fugir não tinha jeito

de novo pensando a respeito:

rapaz! Tu vai, mas ensaia

o máximo que pode acontecer

é tu levar uma vaia.


Aí, eu tomei o ônibus, o motorista disse:

Bom diiiiia!

Pra mim ele fazia era mangar

parece que até sabia que eu me lascar...


Corri pra empresa

me sentei na mesa...

... já estava sem fala


Ai eu tinha um problema

falar a todos sem tremedeira

podia até ser bestêra... pensei?!

...vou fazer um poema...


Meu amigo, vou te contar

olha só esse dilema...

O caba não tinha nem o que pensar

...queria fazer um poema.


O que eu queria mesmo era impressionar!

SÓ ISSO!

Mas o tema não consegui

já serve o que escrevi

só uma estrofe vou declamar...


“Vozes veladas, veludosas vozes,

volúpias dos violões, vozes veladas,

vagam nos velhos vórtices velozes

dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e Souza)


Calma, ainda num acabei não

mais um pouco de atenção

vou terminar o discurso

falando um pouco do curso.


Meu Deus que diabo é isso

no começo eu pensava sentado

esse Airton parece que é doido

e esse Augusto Ô bicho abestado!


Fui mudando de ideia

aquele jeito de falar

o modo de gesticular

encantaria a plateia


Esses adoráveis malucos

nos convenceram enfim

de que falar em público

não é tão difícil assim.


Agora, sim é o final

e agradeço em nome do todo

ao Augusto que é um cara legal

e ao Airton que não é doido

com uma frase final:


De poeta e de louco

todos nós temos um pouco.

Fortaleza, 1985


Texto: Vladimir da Vicunha

Leitura teatralizada por Lício Estrela aos 4 anos

Direção: Airton Soares (seu tio)

Ano: 1988..89?!

Fortaleza – Ceará – Brasil

Brevemente no youtube...


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